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    Queda do desemprego reforça mercado aquecido; renda é destaque, dizem economistas

    Taxa de desemprego no Brasil ficou em 8,9% no trimestre encerrado em agosto, em linha com o que era esperado pelo mercado

    Fabrício Juliãodo CNN Brasil Business , em São Paulo

    O resultado da taxa de desemprego no Brasil, que ficou em 8,9% no trimestre encerrado em agosto, conforme informou o IBGE nesta sexta-feira (30), saiu em linha com o que era esperado pelo mercado. Ao CNN Brasil Business, especialistas disseram que o dado reforça o ambiente positivo do trabalho este ano, após passar por turbulências nos últimos anos.

    Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre, destacou a recuperação do mercado de trabalho à medida que a economia voltou a operar sem restrições em razão da Covid-19, o que implicou em um aumento do emprego devido à demanda reprimida do período da pandemia. 

    Segundo ele, é natural que haja uma desaceleração da economia, com a pancada dos juros começando a fazer efeito em um movimento para controlar a inflação no país.

    “Observamos mais uma melhora do mercado de trabalho, o indicador veio conforme o esperado pelo Ibre, que previa a taxa em 8,9%. Essa desaceleração da economia era esperada também, mas o que vemos agora é um momento favorável, uma economia aquecida”, disse Tobler.

    Para o economista, o grande desafio a ser enfrentado é a manutenção dos resultados positivos recentes para o fim do ano e para 2023.

    / CNN

    “Nossa expectativa é que até o fim do ano a taxa de desemprego fique próxima de 9%, que é um resultado muito favorável ao olhar as previsões no começo do ano. Mas para o próximo ano, quando os juros começarem a ser sentidos com mais força, o cenário deve mudar”, pontuou. 

    A CM Capital também acredita que a queda do desemprego segue como um reflexo direto da retomada do nível de emprego nas áreas que foram mais afetadas pelos efeitos das medidas de restrição à mobilidade impostas ao longo dos dois anos mais intensos da pandemia, com destaque para o comércio e as categorias pertencentes ao grupo de outros serviços, que inclui atividades de cultura e recreação.

    De acordo com eles, a retomada pós-pandemia se soma ao bom dinamismo da atividade econômica, que “além de beneficiar a atividade interna via crescimento especialmente dos serviços, tem
    no setor externo outra variável explicativa importante no que diz respeito à compreensão do processo atualmente em curso”.

    “No caso deste último movimento, vale destacar que suas externalidades positivas podem ser sentidas não só na queda do desemprego, mas também na melhoria da renda de segmentos específicos, como nos casos da agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, assim como o da indústria geral”, destacou a corretora de investimentos.

    A economista Claudia Moreno, do C6 Bank, salienta que apesar da melhora no emprego, a renda habitual continua em um patamar baixo. “O destaque é o avanço da massa de rendimento real habitual, que cresce com o aumento da população ocupada, mesmo com salários deprimidos. O crescimento da massa salarial ajuda a atenuar a expectativa de desaceleração da atividade, pois impulsiona o comércio e o setor de serviços”, explicou.

    A ressalva também é feita pela economista Laura Moraes, da Neo Investimentos, que acredita em uma recuperação gradual dos salários, mas que ainda estão abaixo do que era registrado antes do surgimento do coronavírus.

    “Os salários continuam reajustando, com rendimento médio real efetivo e habitual tentando compensar a inflação passada. Os salários em termos reais, entretanto, ainda estão abaixo do pré-pandemia, corroídos pela inflação”, observou.

    O rendimento real habitual do trabalhador brasileiro cresceu pelo segundo mês consecutivo em agosto, após dois anos sem crescimento, disse o IBGE mais cedo. O valor chegou a R$ 2.713 no trimestre encerrado em agosto, uma alta de 3,1% em relação ao trimestre anterior. Na comparação anual, o número ficou estável.

    “A redução da ociosidade no mercado de trabalho e o alívio da inflação de curto prazo explicam muito dessa tendência positiva da renda real, que continuará em trajetória ascendente nos próximos meses”, afirmou Rodolfo Margato, da XP, sobre o crescimento do rendimento médio habitual.

    A XP projeta que a taxa de desemprego terminará 2022 em 8,5% (dados dessazonalizados), com expectativa ligeiramente inclinada para o lado negativo. O Ibre também disse ao CNN Brasil Business que o indicador deve ficar em torno de 9%, não devendo chegar a patamares mais altos que isso.

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