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    Queda do agronegócio no PIB já era esperada pelo mercado, dizem economistas

    Setor recuou 3,3% entre julho e setembro, segundo dados do IBGE

    Dois primeiros trimestres são fortes devido à chegada das safras de soja, milho verão, açúcar e café
    Dois primeiros trimestres são fortes devido à chegada das safras de soja, milho verão, açúcar e café REUTERS/Inaê Riveras

    Diego Mendesda CNN

    São Paulo

    A agropecuária registrou uma queda de 3,3% no Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre de 2023, segundo dados divulgados nesta terça-feira (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    Para economistas consultados pela CNN, este resultado negativo já era esperado pelo mercado, pois o primeiro semestre registrou vários recordes na produção dos principais cultivos no país.

    Segundo a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, a agropecuária atingiu o seu maior patamar no trimestre passado, e neste há a saída da safra da soja, a maior lavoura brasileira, concentrada no primeiro semestre.

    “Então há a comparação de um trimestre em que há um grande peso da soja com outro em que ela não pesa quase nada. Portanto, essa queda era esperada, mas está sendo um bom ano para a atividade, que está acumulando alta de 18,1% até o terceiro trimestre.”

    De acordo com Alê Delara, diretor da Pine Agronegócios, o agro tem um ciclo de produção conhecido historicamente, e neste ano não foi diferente.

    “Os dois primeiros trimestres são muito fortes devido à chegada das safras de soja, milho verão, açúcar e café — então, o valor adicionado na economia é muito grande”, explica.

    “Já no segundo semestre, as culturas mais relevantes são do algodão e milho de inverno, ou seja, nos comparativos entre os trimestres é comum haver uma queda neste momento em comparação com o anterior”.

    Segundo Delara, no comparativo anual, houve crescimento de 8,8%, com forte incremento na produção agrícola e recordes para a soja (154 milhões de toneladas) e milho (100 milhões de toneladas só para safra de inverno).

    O especialista destaca ainda que, entre janeiro e março, acontece a colheita da soja e do milho de verão.

    “Somando as duas culturas, há aproximadamente 180 milhões de toneladas sendo adicionado no mercado. Entre abril e junho, tem a produção de açúcar, que é de cerca de 20 milhões de toneladas neste período, e café com 55 milhões de sacas. Esse valor adicionado à economia é muito alto.”

    Agora, no segundo semestre, tem o milho de inverno (100 milhões de toneladas) e o algodão (2,9 milhões de toneladas). Ou seja, Delara aponta que o valor adicionado à economia é menor em relação ao primeiro semestre.

    Revisão

    Na publicação do terceiro trimestre do PIB, com os resultados anuais definitivos de 2021, foram divulgadas as revisões das séries das Contas Nacionais Trimestrais relativas a todos os trimestres do ano passado e dos dois primeiros deste ano.

    Palis explica que, com essa revisão, o resultado anual de 2022 variou para alta de 0,1%, explicado principalmente pela mudança de pesos do Sistema de Contas Nacionais.

    “Já as revisões do primeiro e segundo trimestres de 2023 foram mais relacionadas à agropecuária, porque agora incorporamos as estimativas de novembro do LSPA [Levantamento Sistemático da Produção Agrícola], com o ano já terminando”, detalha a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

    Conforme apontou os dados revisados, essa foi a primeira queda da atividade agro após cinco trimestres com taxas positivas.

    “Se fazemos esta comparação com o ano passado, a produção agrícola crescer muito, pois produzimos mais soja, milho, café, açúcar e carnes neste ano de 2023 em comparação com 2022. Por isso, houve um ajuste no crescimento para 12,5%”, conclui Delara.

    Veja também: PIB do Brasil cresce 0,1% no 3º trimestre do ano, diz IBGE