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    Quase metade das mulheres já sofreu assédio sexual no trabalho, diz pesquisa

    Durante o período de isolamento social o LinkedIn também viu o assédio crescer no ambiente online, proporcionalmente ao aumento de 55%

    Débora Freitas, , da CNN, em São Paulo

    Quase metade das mulheres que atuam no mercado de trabalho sofrem ou já sofreram assédio sexual no ambiente corporativo. É o que mostra uma pesquisa elaborada pela consultoria de inovação social, Think Eva, em parceria com a rede social LinkedIn, divulgada nesta terça-feira (06).

    Isso porque, da cerca de 400 mulheres ouvidas pelo levantamento – com idades de 18 a 60 anos – 47% delas afirmaram já ter sofrido assédio sexual. A pesquisa foi feita no início deste ano, portanto antes da pandemia. Mas, durante o período de isolamento social o LinkedIn também viu o assédio crescer no ambiente online, proporcionalmente ao aumento de 55% das conversas entre os usuários na plataforma, quando comparado março de 2019 a março de 2020.

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    Definido pelo código penal como “ato de constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual”, a análise também mostra que o assédio sexual nas empresas também varia de acordo com a situação econômica das mulheres e da raça. 

    Segundo os dados, entre as mulheres que mais sofreram assédio, estão as que ocupam cargo de assistente, com 32,5%. Na sequência, aparecem as que estão em posições de pleno ou sênior, com 18,6% e estagiárias, 18,1%. Mulheres em cargos de liderança, como diretoras, são as que menos sofrem: apenas 2,4% relataram sofrer assédio. 

    “E mesmo que o número de mulheres que ocupam posições hierárquicas mais altas sejam quantitativamente menores, o assédio não deixa de ser uma realidade”, diz o relatório. “Entre as entrevistadas que declararam desempenhar a função de gerente, 60% afirmaram terem sido vítimas de assédio. No caso de diretoras, o número chegou a 55%”, aponta o estudo.

    Mulheres negras sofrem mais 

    De acordo com a pesquisa, a desigualdade social e de raça provoca uma maior suscetibilidade a trabalhos precarizados e, assim, maior violação aos direitos.

    Não à toa, 52% das vítimas são mulheres negras (pretas e pardas). Além disso, 49% possuem uma renda entre dois e seis salários e 63% delas estão na região norte do país. 

    “Partindo do cenário de objetificação e hiperssexualização do corpo da mulher, a pesquisa reconhece o racismo como um dos fatores que agravam a condição das mulheres negras”, revela o documento. “Por isso, combater o ciclo do assédio sexual no ambiente de trabalho também passa por considerar essas especificidades.”

    Consequências do assédio

    Uma das consequências é a evasão do mercado de trabalho: uma em cada seis vítimas pede demissão após passar por assédio. 

    Ainda de acordo com a pesquisa, na maioria dos casos o agressor não sofre punições. Já a vítima vê a sua performance profissional afetada, além de enfrentar perda de autoconfiança no ambiente de trabalho. 

    Nas classes mais baixas, 55% das mulheres declararam sentimento de insegurança. O índice é 11 pontos percentuais maior que a média geral. 

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