Produtores do RS comemoram qualidade da uva ao fim da colheita
Mesmo com redução da safra, setor está otimista para produção de vinhos
Os produtores de uva do Rio Grande do Sul encerraram a vindima, como é chamada a colheita da fruta, que ocorre de janeiro a março. O estado é o maior produtor, responsável por metade da produção brasileira.
De acordo com o Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural, a Emater-RS, a estiagem severa que atingiu o território gaúcho provocou quebra de 15% na safra de 2022, em comparação com a média de anos anteriores.
No entanto, a redução é ainda maior se comparada com 2021, quando houve recorde no volume da fruta: 23,4%
A vinícola Aurora, responsável pela maior fatia da produção gaúcha, cerca de 12%, teve uma redução ainda maior do volume: 27% em comparação com o ano passado.
Porém, quando o assunto é uva, quantidade não significa qualidade. O enólogo da Aurora Flavio Zilio considerou como excelente o grau glucométrico, que mede a quantidade de açúcar da uva. Segundo ele, todas as variedades tintas e brancas apresentaram nível de excelente de maturação.
“Seria injusto citar uma ou outra variedade como destaque, já que a qualidade de todas elas se apresentou de forma muito positiva. Nas tintas destaco a maturação fenólica que permitirá a extração de taninos em um nível muito bom para a elaboração de grandes vinhos”, adiantou.
O especialista destaca a ocorrência de duas safras de excelente qualidade na mesma década. Em 2020, a colheita da uva no estado foi considerada a safra das safras.
Na vinícola Miolo o destaque foram as variedades Chardonnay e Pinot Noir, que já estão sendo usadas para vinhos base de espumantes. Entre as tintas, Merlot e Cabernet Sauvignon também chamam a atenção.
A empresa encerrou a vindima no Vale dos Vinhedos com volume de 700 mil quilos da fruta, mas segue a colheita, no mês de abril, nos parreirais do Vale do São Francisco, na Bahia.
O otimismo sobre a qualidade da uva é de todo setor. Conforme levantamento da Miolo, o inverno da safra 2022 teve 343 horas de frio, com temperatura igual ou inferior a 7,2°C, suficiente para conseguir uma brotação uniforme das videiras.
O tempo foi um aliado. A primavera favoreceu a floração das plantas, com temperaturas amenas e o início da atuação do fenômenos La Niña, que impactou no verão. A estação mais quente do ano foi marcada por uma forte estiagem.
Os dias mais quentes e seco propiciaram a maturação uniforme das uvas. Combinações ideais para a fabricação de vinhos. O Rio Grande do Sul responde por 50% da produção da bebida no país.
Enoturismo
A época da vindima também é um momento de maior procura de turistas por passeios em vinícolas. Na Vinícola Aurora, o fluxo de visitantes voltou aos patamares pré-pandemia, ultrapassando os números de 2019.
Foram 44,8mil turistas nas três unidades da marca (Matriz, no centro de Bento Gonçalves, Vale dos Vinhedos, no interior da cidade, e em Pinto Bandeira).