Produtores de combustíveis fósseis planejam dobrar a extração em 2030, diz relatório da ONU
Projeções indicam que a demanda global por carvão, petróleo e gás atingirá seu pico nesta década
O mais recente Relatório sobre a Lacuna de Produção de 2023, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), alega que a extração de combustíveis fósseis deve aumentar 110% acima da meta em 2030.
Apesar de 171 governos terem assinado o Acordo de Paris, o relatório revela que acontecerá um aumento significativo na extração de combustíveis fósseis. Projeções indicam que a demanda global por carvão, petróleo e gás atingirá seu pico nesta década.
“Os planos dos governos para expandir a produção de combustíveis fósseis estão prejudicando a transição energética necessária para atingir emissões líquidas zero, colocando em dúvida o futuro da humanidade”, concluiu Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA.
Segundo o documento, os planos governamentais apontam para um aumento na produção global de carvão até 2030, enquanto a produção global de petróleo e gás continuará crescendo pelo menos até 2050.
“Não podemos enfrentar a catástrofe climática sem atacar sua causa principal: a dependência dos combustíveis fósseis. Em outras palavras, os governos estão literalmente apostando alto na produção de combustíveis fósseis. Isso significa um duplo problema para as pessoas e para o planeta”, alerta o secretário-geral da ONU, António Guterres.
O estudo entende que é necessária uma “quase completa” eliminação da produção e uso de carvão até 2040. O relatório também solicita uma redução de pelo menos 75% na produção de petróleo e gás até 2050, em comparação com os níveis de 2020.
“Os países devem eliminar progressivamente o carvão – até 2030 nos países da OCDE e 2040 nos outros países. E o G20 deve assumir a liderança no sentido de acabar com o licenciamento e o financiamento de novos projetos de petróleo e gás”, afirmou Guterres.