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    Prévia do PIB deve adiar desaceleração e mostrar 1º trimestre forte, dizem economistas

    Banco Central divulga nesta sexta-feira (19) o IBC-Br de março, depois de três meses em que vendas da indústria, varejo e serviços surpreenderam, mesmo sob pressão de juros altos

    Juliana EliasMuriel Porfiroda CNN

    em São Paulo

    A queda do PIB no quarto trimestre do ano passado foi, ao mesmo tempo, um balde de água fria e a certeza de que os efeitos dos juros altos começavam, finalmente, a pesar sobre a economia e a espraiar sua aguardada desaceleração.

    Diversos dados do primeiro trimestre deste ano, porém, foram invertendo a tendência e passaram a contar uma história diferente, com setores como indústria, serviços e comércio mostrando, mês a mês, resultados melhores do que os analistas e uma economia sob juros a 13,75% pudessem esperar.

    É o que deve confirmar, nesta sexta-feira (18), o resultado de março do IBC-Br, indicador de atividade econômica mensal calculado pelo Banco Central e que serve como uma espécie de prévia do PIB.

    O IBC-Br de março é o último grande indicador oficial do trimestre, já incorporando a tendência dos anteriores, antes de o próprio PIB ser divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    O IBGE divulgará o resultado da economia no primeiro trimestre em 1º de junho.

    “Os números, tanto da indústria, quanto do varejo e dos serviços chegaram a ser impressionantes”, diz o economista-chefe da corretora Ágora Investimentos, Dalton Gardimam.

    “Com todo o aperto monetário que temos, já de boa data, com juros reais de 7%, 8% (…), os resultados chegam a ser surpeendentemente impressionante, mesmo para os mais otimistas”, completou.

    Em março, o varejo cresceu 0,8%; os serviços, 0,9%; e a produção industrial, 1,1%.

    “Tinha muito economista gabaritado imaginando que o PIB do primeiro trimestre podia ser próximo de zero. Mas, diante de tantas surpresas em praticamente três meses, em três indicadores – serviços, varejo e indústria – fica difícil imaginar que o resultado vá decepcionar para baixo”, disse Gardimam.

    Os economistas não costumam fazer projeções diretamente para o IBC-Br, já que ele é um indicador mais volátil e menos preciso que o PIB, mas o consenso é que ele deve apontar para um trimestre mais forte do que o inicialmente imaginado pela maioria.

    Como resultado, diversos economistas já estão recalculando suas projeções para o PIB do trimestre e também do ano completo.

    Gardimam estima um primeiro trimestre crescendo cerca de 0,6% na comparação com o trimestre imediatamente anterior, depois de ter caído 0,2% nos últimos três meses do ano passado.

    Em relatório nesta quinta-feira (18), o Inter afirma que o PIB do primeiro trimestre pode passar de 1%, e revisou a sua projeção de crescimento para 2023 de 0,8% para 1,5%.

    “Os números que foram saindo da economia no primeiro trimestre estão muito maiores do que eu e muita gente imaginava”, disse o economista-chefe da Órama Investimentos, Alexandre Espírito Santo.

    “Ou seja, pode ser que a atividade esteja surpreendendo e é por isso que o IBC-Br desta sexta será um dado importante para vermos se vai confirmar ou não essa possibilidade”.

    Impulso do agronegócio

    O economista-chefe da MB Associados e comentarista da CNN, Sérgio Vale, que também acaba de ampliar suas projeções para o PIB do ano, explica que boa parte da resiliência da economia nesses meses se explica pelo ótimo momento do agronegócio, que entrou em 2023 se caminhando para safras e exportações recordes.

    “O agronegócio é um terço do PIB do país. Em vários estados, essa proporção chega a 40%, 50%, 60% do PIB”, diz Vale. “Então, se ele cresce, tem um efeito dinâmico em todo o resto, cresce a renda das pessoas nessas regiões, e elas consomem”.

    Vale subiu de 1% para 1,2% sua projeção para o PIB brasileiro neste ano. Só o PIB do agronegócio, por sua vez, deve crescer 7,2%.