Presidente do Paraguai dá ultimato à União Europeia em nome do Mercosul
Santiago Peña diz a jornal britânico que se o acordo de livre comércio entre os blocos não for aprovado até 6 de dezembro, os sul-americanos vão negociar com países da Ásia
O presidente do Paraguai, Santiago Peña, deu um claro ultimato à União Europeia em nome do Mercosul com relação ao acordo de livre comércio entre os blocos.
Penã disse, em entrevista ao jornal britânico Financial Times, que o acordo precisa ser aprovado até o dia 6 de dezembro, quando acaba a presidência rotativa do Brasil do Mercosul.
Caso isso não aconteça, o bloco sul-americano vai desistir da proposta e passará a negociar com outros países da Ásia, disse o presidente paraguaio. Peña disse ainda que conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o tema às margens da Assembleia-Geral da ONU, na semana passada, em Nova York.
Segundo o FT, Peña disse que acertou com Lula que se o acordo não tivesse sido finalizado até o fim da presidência brasileira do Mercosul, ele mesmo romperia as negociações na sequência –quando o Paraguai assume seu turno na liderança do bloco.
“Ou fechamos até 6 de dezembro ou não fechamos”, disse o presidente paraguaio, segundo o FT. “Quem vai assumir a Presidência depois sou eu e falei para o Lula que basta (de negociações”, afirmou.
“Se tem alguém que pode fechar esse negócio é o Lula … será neste ano ou, se não, não acontecerá”, acrescentou.O próprio presidente Lula também deu um alerta aos líderes europeus no fim da reunião da Cúpula de Líderes do G20, em Nova Delhi, na Índia, no início do mês.
Na ocasião, ele apresentou o mesmo limite de tempo: “Nos próximos meses a gente tem que chegar num acordo: Ou sim, ou não. Ou parar de discutir o acordo porque, depois de 22 anos [de negociações], ninguém acredita mais [na possibilidade de aprovação]”, disse o presidente.Pena assumiu a Presidência do Paraguai na semana passada.
Mercosul e União Europeia discutem o acordo há mais de 20 anos.
A CNN apurou que o governo brasileiro viu “uma boa sintonia” nas posições defendidas por Peña e por Lula. Um alto diplomata brasileiro também classificou as declarações do líder paraguaio como normais e alinhadas com o governo brasileiro.
A avaliação do Itamaraty é a de que a “janela de oportunidade” para a finalização do acordo é mesmo este período de presidência brasileira do bloco. O Ministério das Relações Exteriores também acredita que as negociações estão evoluindo entre os dois blocos e que existe uma chance real de o acordo ser fechado este ano.