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    Presidente do Banco Central deve explicações por juros altos ao povo brasileiro, diz Lula em live

    Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu a declaração em sua live semanal nesta segunda-feira (19)
    Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu a declaração em sua live semanal nesta segunda-feira (19) Reprodução CNN

    Diego Mendesda CNN

    São Paulo

    O presidente Luiz Inacio Lula da Silva voltou a criticar os juros altos do país e disse que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deve explicações referentes às altas taxas.

    “Juros precisam baixar, porque não tem explicação. O presidente do BC tem que explicar ao povo brasileiro e ao Senado que o elegeu porque ele mantém essas taxas de juros de 13,75% em um país que está com inflação anual de 5%”, disse o presidente em sua live semanal.

    Na próxima terça-feira (20), começa a reunião Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), com a decisão publicada na quarta-feira (21). A expectativa de analistas é de que a autoridade monetária mantenha a taxa de juros em 13,75% ao ano.

    Boletim Focus

    Os economistas ouvidos pelo Banco Central para o Boletim Focus desta semana revisaram de 12,5% para 12,25% ao ano a estimativa para a taxa básica de juros em 2023. O relatório foi divulgado nesta segunda-feira (19).

    O levantamento mostra, também, um corte de 10% para 9,5% da estimativa para a Selic de 2024. Para 2025 e 2026, porém, as projeções para os juros foram mantidas, em 9% e 8,75%, respectivamente.

    A expectativa é de que a trajetória de cortes dos juros só comece na reunião seguinte, marcada para os dias 1 e 2 de agosto.

    O Focus também trouxe novas projeções para a inflação, com corte nas projeções deste e dos próximos três anos.

    A estimativa para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ao fim de 2023 foi rebaixada de 5,42% para 5,12% e de 4,04% para 4% em 2024.

    Para 2025 e 2026 as reduções foram, respectivamente, de 3,9% para 3,8% e de 3,88% para 3,08%.

    Expectativa

    Segundo Ariane Benedito, economista da Esh Capital, o BC deve iniciar o seu ciclo de cortes em agosto.

    “A nossa projeção para a Selic terminal é de 12,50%, se dividindo em dois cortes de 0,50% (agosto e setembro) e um corte final de 0,25% na reunião de outubro e novembro.”

    Entretanto, Benedito afirma que, caso ocorra a continuidade de melhora para o ambiente de preços e a ancoragem das expectativas para o horizonte relevante, a probabilidade o BC de continuar o ciclo cortes não está descartado.

    A economista destaca que o principal indicador que sinaliza esse cenário foi o resultado baixista expressivo do IPCA de maio, bem como a melhora do qualitativo da inflação que contamina o horizonte relevante através do carrego estatístico.

    Para ela, a divulgação do indicador causou o fechamento da curva de juros, e a arrefecimento nas expectativas para a inflação, formando o ambiente que o Banco Central precisa para início do afrouxamento da política monetária.

    Apesar do PIB do primeiro trimestre ter surpreendido positivamente, impulsionado pelo agronegócio, os últimos dados de atividade divulgados (PMS, PMC e PMI) referente ao mês de abril mostraram arrefecimento e devem continuar, principalmente no setor de serviço.

    “Esse efeito ainda é impacto da defasagem do impacto do aperto monetário na economia real. Vale destacar, que as últimas comunicações dos dirigentes do BC, vieram como um pedido de paciência e que a autarquia não tem pressa para início do ciclo de cortes.”

    Cenário econômico

    O indicador que mais impacta nas decisões do Copom é o o IPCA, índice oficial de inflação, em conjunto com a divulgação das expectativas que segue registrando uma sequência de quedas, conforme o boletim Focus.

    A apreciação do real frente ao dólar também corrobora para o arrefecimento dos preços, ajudando o setor de comodities, que tem uma melhor perspectiva para o segundo semestre de 2023.

    Entretanto, Benedito afirma que, advindo dos estímulos fiscais e programas sociais ofertados pelo governo, que aumentam o nível de renda e atividade, pode-se observar uma desaceleração mais gradual para a inflação.

    “Podemos também destacar que o andamento das questões fiscais, para uma resolutiva mais acelerada, diminui os ruídos e incertezas, facilitando a ancoragem das expectativas.”

    Outra questão que merece atenção, segundo a economista, é em relação à inflação de demanda, que se concentra em maior parte nos preços domésticos – parcela essa que o Banco Central tem maior domínio sobre.

    “Assim, caso observado um desajuste nos preços advindo de uma demanda aquecida, aumenta a possibilidade da autarquia elevar a taxa básica para combater, ou optar pelo prolongamento da taxa mais alta para combater esse efeito. Em geral, o mercado reage antecipadamente e precifica na curva essa possibilidade”, finaliza.