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    Presidente da Fiesp critica sistema tributário brasileiro e defende reforma

    Fala de Josué Gomes ocorreu durante abertura do "O Dia da Indústria"

    Francisco Carlos de Assis e Eduardo Laguna, do Estadão Conteúdo

    O sistema tributário brasileiro está falido e precisa de uma reforma, disse nesta quinta-feira (25) o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, durante abertura do “O Dia da Indústria”, evento que a entidade patronal da indústria paulista patrocina nesta quinta em São Paulo.

    O evento que contou na sua abertura com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, terá ainda na parte vespertina as presenças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, entre outras autoridades.

    “O sistema tributário brasileiro está falido e precisa de uma reforma”, disse o presidente da Fiesp.

    Ele disse ver com o naturais as desconfianças que giram em torno das propostas de reforma tributária. Por isso, disse, o texto que embasará a reforma precisa ser claro e conter tópicos que mitiguem essa desconfiança. Para ele, é importante que toda a sociedade esteja apoiando a reforma tributária.

    O executivo aproveitou seu momento de fala no evento para reiterar a defesa da Fiesp à adoção de um Imposto sobre Valores Agregados (IVA) Dual pelo sistema tributário reformado, caso a reforma seja aprovada.

    IVA Dual é uma espécie de “Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), de modelo dual, com a extinção de apenas cinco tributos (IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS) no lugar dos nove tributos originalmente previstos para substituição por um único IBS. No lugar desse único IBS, a proposta sugere a rigor dois tributos, de papel complementar”.

    Crítica à taxa de juros

    Durante a abertura do evento, Josué Gomes voltou a criticar o que ele classifica de elevadas taxas de juros nominal e real vigentes no país.

    A taxa nominal de juro, a Selic, encontra-se em 13,75% ao ano e a taxa real, a que desconta a inflação, está rodando em torno de 7%, segundo cálculos dos economistas e analistas do mercado financeiro. Josué tem um cálculo que coloca o juro real em 8%.

    Para o presidente da Fiesp, se a sociedade é contrária aos incentivos dados pelo governo a alguns setores da economia, ela deveria se posicionar ao lado daqueles que defendem a redução da taxa de juro.

    Segundo ele, o câmbio parece estar hoje ajustado, porém o “excesso de juros pagos no país” mantém o risco de sobrevalorização cambial, o que afeta a competitividade dos produtos brasileiros. “Não podemos mais, como sociedade, admitir que se pratiquem esses juros que temos praticado”, declarou Josué, acrescentando que já há 30 anos os juros inibem o crescimento e definham a indústria de transformação.

    Ele disse ainda que as pessoas contrárias aos subsídios deveriam apoiar a redução da Selic porque, nas palavras dele, se o Brasil passar a praticar juros compatíveis com as taxas praticadas no mundo os subsídios perderão a razão de existir.

    Apelo à imprensa

    O presidente da Fiesp iniciou seu discurso fazendo um apelo aos profissionais da imprensa presentes para que abracem a indústria para, com isso, ajudar a reconstruir a classe média brasileira.

    Para o executivo, dono da Coteminas, uma das maiores indústrias têxteis do País, um país democrático e inclusivo como o Brasil tem se proposto a ser requer a recuperação da sua indústria da transformação.

    Representante do setor, Josué defende que a indústria perdeu com o passar dos anos e com a adoção do neoliberalismo a força que tinha na década de 1940, quando o Brasil crescia a taxas iguais a 7% ao ano.

    “Quero me dirigir aqui à imprensa e pedir que abrace a indústria para podermos recuperar a nossa classe média”, disse o presidente da Fiesp, para quem é a indústria o setor que mais emprega, agrega valores a seus produtos, paga os melhores salários e abre oportunidades para o primeiro emprego de muitos jovens.

    Josué teceu também críticas ao atual modelo econômico e disse que o processo antigo de substituição de importações não cabe mais no mundo de hoje e defendeu a participação da indústria nas cadeias globais de produção.

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