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    Preço dos combustíveis precisa de soluções a longo prazo, diz especialista

    A professora da USP Virginia Parente argumentou que os auxílios não são uma solução eficiente para o problema a longo prazo

    Ludmila CandalDuda CambraiaLuana Franzãoda CNN , Em São Paulo

    Em entrevista à CNN na manhã desta quarta-feira (9), a professora do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP), Virginia Parente, comentou as soluções propostas pelo governo para o problema do aumento dos preços dos combustíveis até o momento.

    Há três principais propostas em disputa no momento: dois projetos de lei e a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos Combustíveis. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), afirmou que a PEC pode não ser necessária, caso os projetos ajudem a reduzir os preços, e encara a aprovação destes como prioridade.

    Um dos projetos de lei tem como objetivo a criação de um fundo de estabilização do preço dos combustíveis, uma conta de compensação para quando os valores aumentarem.

    De acordo com a especialista, a criação de um fundo que lide com a volatilidade do mercado é uma boa ideia, mas seu funcionamento depende da fonte dos recursos a ser utilizada. Ela defendeu que os recursos não deveriam vir de acionistas da Petrobras, mas sim do próprio governo.

    “[O governo] pode fazer isso eventualmente se quiser com seus próprios dividendos, mas não pode obrigar a própria empresa a formar um fundo para volatilidade. Não seria justo com várias pessoas que pegam seus recursos, e colocam em ativos do governo”, afirmou Parente.

    “O fundo é justo, o fundo ajuda a economia a se organizar. Alguém que saiu para uma viagem longa, como um caminhoneiro, por exemplo, poderá saber que a oscilação [dos preços] não vai ocorrer períodos tão curtos. (…) É um fundo para cortar os vales e os picos das oscilações de preço, o que ajuda no planejamento do transporte no país.”

    A professora argumentou que os auxílios – como o “vale caminhoneiro”, também conhecido como auxílio diesel – não são uma solução eficiente para o problema.

    “A gente teria que olhar não somente os “puxadinhos” de curto prazo. A PEC e as outras propostas são “alguma coisa” para endereçar um problema que de fato existe, mas temos um problema de base, que é a tributação no Brasil. O governo teve tempo e espaço para fazer uma reavaliação da tributação no país, uma reforma tributária importante”, disse Parente.

    Ela afirmou que acredita que o fundo seja uma solução mais inteligente para o aumento a curto prazo. Segundo a especialista, a pobreza energética é um problema existente no Brasil, que merece uma solução que se mantenha consistente com a passagem do tempo.

    “A gente precisa endereçar esse problema de uma forma mais inteligente, que não é vale disso, daquilo, mas é com uma política que inclusive dá liberdade a quem está recebendo o auxílio a gastar onde realmente incomoda mais – que pode ser no gás ou no alimento”, disse.

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