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    Política do “buy american” de Biden trava acordo com México e Canadá

    Presidente americano visa revitalizar os laços com o México e Canadá, mas medidas protetivas à indústria local são empecilho

    Biden recebe o presidente do México, Obrador (esquerda) e o premiê do Canadá, Trudeau, para a Cúpula da América do Norte
    Biden recebe o presidente do México, Obrador (esquerda) e o premiê do Canadá, Trudeau, para a Cúpula da América do Norte Reuters (Biden e Trudeau)/Divulgação (Obrador)

    Matt SpetalnickLincoln FeastDaniel Wallisda Reuters

    O presidente dos EUA, Joe Biden, recebeu os líderes canadenses e mexicanos na Casa Branca nesta quinta-feira (18) para sua primeira Cúpula dos Líderes da América do Norte.

    As conversas, porém, não avançaram, por conta das medidas protetivas que o governo americano pretende colocar em prática, principalmente para impulsionar sua indústria de veículos elétricos.

    A reunião visa revitalizar a cooperação regional, mas tensões econômicas estão colocando seus objetivos sob ameaça.

    Biden encontrou-se com o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, e deveria sentar-se com o presidente mexicano Andres Manuel Lopez Obrador, seguido por uma reunião dos três.

    As negociações visam encontrar um terreno comum entre os três vizinhos unidos pelo acordo de livre comércio Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), que rege cerca de US$ 1,5 trilhão no comércio norte-americano anualmente.

    Mas as diferenças sobre a indústria automobilística, as políticas do tipo “buy american” (compre produtos americanos) e um projeto de lei de energia mexicano pesaram contra o entendimento entre os países.

    Embora grandes avanços possam ser difíceis de ocorrer, Biden espera avançar em alguns dos desafios mais espinhosos com seus dois vizinhos, incluindo aliviar as pressões de imigração, reduzir o atrito comercial, se recuperar da pandemia global e competir melhor contra a China.

    Entre os acordos possíveis ainda aguardados estão aqueles sobre novos freios à emissão de metano e doações de vacinas contra a Covid-19, de acordo com altos funcionários do governo Biden.

    Os acordos resultam de uma pressão de Biden para reviver os chamados Três Amigos, um grupo de trabalho abandonado por seu antecessor, Donald Trump.

    O restabelecimento dos laços com o México e o Canadá também faz parte do esforço de Biden para virar a página da era Trump, mudando a abordagem estridente de seu predecessor para um estilo mais colaborativo.

    Trump tinha negociações especialmente difíceis com Trudeau, impondo tarifas sobre alguns produtos canadenses e às vezes lançando insultos públicos ao primeiro-ministro canadense.

    Lopez Obrador, um populista de esquerda, conseguiu estabelecer uma relação de trabalho improvável com Trump, apesar das ameaças econômicas e dos insultos do presidente republicano contra os mexicanos por causa da migração.

    Quase 10 meses após assumir o cargo, Biden poderia usar um ponto de vista diplomático.

    O presidente americano enfrenta índices decrescentes de aprovação pública e está tentando conter a inflação e os problemas da cadeia de suprimentos, enquanto enfrenta um número recorde de migrantes que chegam à fronteira dos Estados Unidos com o México.

    Vacinas e emissões de gases

    As autoridades americanas esperam que os três países norte-americanos concordem em reduzir as emissões de metano em seus setores de petróleo e gás em 60% a 75% até 2030, à medida que os países trabalham para conter o potente gás de efeito estufa.

    Canadá e México também anunciarão que estão doando milhões de doses das vacinas – inicialmente emprestadas pelos Estados Unidos – a outros países, disse uma das autoridades que não quis se identificar.

    Além disso, os líderes devem se comprometer a proibir a importação de produtos feitos com trabalho forçado, política que o governo americano vem trabalhando visando a China.

    Ativistas e políticos ocidentais acusam o governo chinês de usar trabalho forçado na província de Xinjiang, no noroeste da China, alegação que Pequim nega.

    Mas Canadá e México estão preocupados com as cláusulas “buy american” (compre produtos americanos) de Biden, além de uma proposta de crédito tributário para veículos elétricos que favoreceria fabricantes sindicalizados sediadas nos Estados Unidos.

    “Vamos conversar sobre isso”, disse Biden em resposta à pergunta de um repórter, enquanto se sentava para conversar com Trudeau. “Ainda nem passou pela Câmara… Há muitos fatores complicados.”

    A presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, disse que os legisladores poderiam votar nesta quinta-feira a ampla legislação “Build Back Better” de Biden, que inclui o crédito tributário para veículos elétricos.

    O Canadá afirma que o crédito fiscal violaria as regras do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês).

    A Casa Branca insiste que não é o caso. Porém, os gastos do governo Biden para reduzir a emissão de poluentes e fortalecer o mercado de trabalho americano incluem até US$ 12.500 em créditos fiscais para veículos elétricos feitos nos EUA, além de um crédito de US$ 4.500 para veículos feitos por empresas americanas sindicalizadas.

    Antes de se encontrarem com Biden, Trudeau e Lopez Obrador se reuniram separadamente. Após as negociações, o Ministério das Relações Exteriores do México disse que os dois países buscarão uma integração econômica mais inclusiva no âmbito do USMCA.

    Os Estados Unidos são o principal parceiro comercial do México e do Canadá, e carros e caminhões são os produtos manufaturados mais comercializados entre os três.

    Canadá e México querem igualdade de condições enquanto competem para atrair empresas a estabelecer fábricas para a cadeia de suprimentos de veículos elétricos.