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    Política de paridade não deve ser alterada até posse de novo conselho, dizem fontes da Petrobras

    Ministro da Economia, Fernando Haddad, disse que um "colchão" do PPI da Petrobras poderia ser utilizado

    Pedro Duranda CNN

    no Rio de Janeiro

    Fontes da Petrobras que participaram de reunião com integrantes do governo Lula (PT) na sede da estatal na segunda-feira (27) afirmaram que não há “esforço fora da curva”, “solução mágica” ou “proposta milagrosa” do governo federal para diminuir o impacto da reoneração dos impostos federais sobre gasolina, gás veicular e etanol.

    Ao contrário, disseram que a Política de Paridade de Preços de Importação está mantida e não será alterada por enquanto, pelo menos até a posse do novo Conselho e da nova diretoria, prevista para abril.

    Instituída em 2016, a PPI prevê que a Petrobras alinhe os valores que cobra das distribuidoras pelo combustível ao que é cobrado pelas importadoras que trazem o petróleo refinado em forma de diesel e gasolina para o Brasil.

    A posição da cúpula da petrolífera é oposta à do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que sugeriu à jornalistas na noite de segunda que haveria uma margem para que a própria Petrobras absorvesse parte da alta prevista.

    “Na prática, significa que a atual política de preços da Petrobras tem um ‘colchão’, e ele pode ser utilizado”, declarou.

    Interlocutores da companhia disseram à CNN que não há qualquer colchão e que as mudanças eventuais de preços serão feitas respeitando a atual política.

    No último levantamento da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a gasolina vendida pela Petrobras estava 20 centavos mais cara do que a cobrada por importadores. Acontece que essa referência não é seguida pela estatal, que entende que a conta favorece os importadores.

    Nesse sentido, é praticamente impossível, na leitura desses interlocutores da companhia, amortizar a alta prevista de quase 70 centavos no litro da gasolina com a volta da cobrança dos impostos federais.

    Para especialistas ouvidos pela CNN, o impacto na inflação com o aumento da gasolina deve ser de 0,75 ponto percentual, uma alta significativa.

    Numa lógica razoável, especialistas entendem que a Petrobras poderia não repassar os 70 centavos por litro que viriam com a cobrança de impostos, mas sim uma fatia disso, já que o preço está mais alto que o das importadoras e há uma camada de gordura para cortar.

    A CNN apurou ainda que, durante o encontro, que durou pouco mais de duas horas, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates (PT), disse que o problema não estava resolvido, nem internamente e nem externamente à Petrobras e que o governo precisaria ter isso em mente.

    A reunião contou com a presença do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), com o número 2 do ministério da Economia, Gabriel Galípolo, além de Prates e diretores da estatal.

    Prates é defensor de um colchão, batizado por ele de “fundo de estabilização dos preços”. Ele entende que é preciso haver um mecanismo para subsidiar a venda de combustíveis, sem causar prejuízo à Petrobras, em momentos de crise internacional, como a altar do dólar ou do barril de petróleo.

    Na segunda-feira, o ministério da Fazenda soltou uma nota afirmando que a reoneração dos combustíveis estava mantida, mas sugerindo que poderia haver mudanças no cálculo tributário. O governo, no entanto, não detalhou como seriam as mudanças.

    Uma reunião foi marcada para as 9h30 desta terça (28) com a presença do presidente Lula e dos ministros da Fazenda, Casa Civil e Minas e Energia.

    Dividendos em xeque

    Outra polêmica envolvendo a Petrobras entra em debate nesta semana. Na quarta-feira (1º), os conselheiros da companhia vão decidir o que será feito com o lucro da estatal no quarto trimestre de 2022.

    Eles terão acesso ao balanço da companhia antes da divulgação oficial dos resultados, como de costume.

    O governo do PT defende pagamentos menores a quem tem ações da Petrobras e mais investimento interno na companhia. Conselheiros e diretores, no entanto, não estão dispostos a mudar a política de remuneração dos acionistas.

    As reuniões do conselho já começam nesta terça-feira (28), com a discussão de outros temas relativos ao dia-a-dia da empresa. O encontro está marcado para as 9h da manhã.

    Uma coletiva de imprensa está prevista para divulgar os resultados na sequência das deliberações do Conselho de Administração.

    Essa deve ser a primeira interação pública do presidente Jean Paul Prates com jornalistas depois de assumir o comando da petrolífera. Ele tem se recusado a dar entrevistas por alegar estar no “período de silêncio”, que acabaria nesta quarta.