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    Pode sair mais caro dar R$ 250 de auxílio do que R$ 600, diz epidemiologista

    Roberto Medronho, professor titular de Epidemiologia da UFRJ, defende que seja desenvolvido novo sistema de informação capaz de otimizar a notificação de casos

    Fernanda Pinotti e Layane Serrano Da CNN, em São Paulo

     

    O Brasil enfrenta uma alta de casos de Covid-19 e diversas regiões estão adotando medidas mais restritivas que buscam conter a circulação de pessoas nas ruas. Para o epidemiologista e professor da UFRJ Roberto Medronho, é preciso que o Estado dê condições para que as pessoas possam ficar em casa e, por isso, a redução no valor do auxílio pode custar mais a longo prazo. 

    “Dar um valor adequado ia ter impacto econômico agora, mas esse impacto seria muito mais rapidamente recuperado com a volta à normalidade do que um valor baixo de auxílio, que terá muito menos impacto na permanência de pessoas em casa e, consequentemente, o vírus vai continuar circulando. Talvez vá sair mais caro dar R$ 250 do que dar R$ 600, mas essa é a opinião de um médico epidemiologista”.

    “A principal missão é salvar as vidas. Eu costumo sempre citar o artigo 196 da Constituição Brasileira, que diz claramente que saúde é um direito de todos e um dever do Estado, feito mediante políticas econômicas e sociais que reduzam o risco de doença”, ressalta.

    O epidemiologista citou um estudo da Federal Reserve que comparou a retomada da economia entre estados norte-americanos durante a Gripe Espanhola. “Os que adotaram as medidas de isolamento e o uso obrigatório de máscaras saíram mais rápido da crise econômica dos que os que não adotaram medidas dráticas porque diziam que não poderiam deixar a economia entrar em colapso e, por isso, não mandariam que as pessoas ficassem em casa”, comenta.

     

    Notificação de casos

    O professor comentou sobre o sistema de notificação de número de novos casos e mortes diárias adotado no Brasil, o qual ele considera ultrapassado e ineficaz. 

    “Nós temos um sistema excelente, mas ainda na era de neanderthal. Muitos têm que preencher um papel, uma ficha de notificação que vai para o nível central, para alguém, em algum momento, digitar. Não tem como isso acontecer desta maneira quando você poderia descentralizar e cada médico e enfermeiro que estivesse suspeitando de um caso poderia fazer uma notificação”, explica.

    Para ele, é preciso que o Brasil saia desta pandemia tendo criado um sistema de informação que traga transparência nos dados para que os cidadãos saibam o que está se passando na comunidade a qual está inserido.

    “Nós temos que sair desta pandemia com um Sistema de Informação que diga em tempo real o que está acontecendo em minha comunidade. Óbvio que guardando sigilo e altamente seguro para que ninguém invada este sistema.”