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    Pix: 30% dos brasileiros economicamente ativos já têm chaves (e isso é positivo)

    Número é comemorado por especialistas, afinal o serviço nem começou a ser utilizado, porém a fatia de 70% mostra que existe um longo caminho a ser percorrido

    Manuela Tecchio,

    do CNN Brasil Business, em São Paulo

     

    Começa a funcionar nesta segunda-feira (16) o Pix, sistema de pagamentos instantâneos desenvolvido pelo Banco Central (BC), que acumula atualmente 69,5 milhões de chaves cadastradas. Considerando que quem aderiu ao sistema se cadastrou em média duas vezes, pouco mais de 29,4 milhões de pessoas físicas se registraram no sistema para fazer pagamentos em tempo real. 

    O número, na verdade, representa uma parcela um pouco maior do que 30% da população economicamente ativa do país — composta por 96,1 milhões, de acordo com os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

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    Mas, conforme explica o sócio da consultoria Boanerges & Cia., Fabricio Winter, o resultado foi recebido com “surpresa positiva” pelo mercado, especialmente porque o sistema ainda nem estreou. “Esse volume de gente ainda deve aumentar muito depois que começar para valer”.

    Pix
    Pix, do Banco Central: ainda há um caminho para chegar a toda a população economicamente ativa, mas os primeiros sinais são positivos
    Foto: Estadão Conteúdo

    Na verdade, mesmo quem não cadastrou suas chaves poderá usar o Pix para receber transferências ou pagar contas de forma instantânea, ou mesmo aproveitar os outros benefícios do sistema. Em seu site, o BC explica que o cadastro de uma chave apenas agiliza a operação e traz praticidade ao processo.

    Mas ainda falta bastante gente

    Mas o fato de 70% dos brasileiros ativos na economia não terem se registrado para utilizar o sistema pode demonstrar que ainda há um grande desafio pela frente se o BC quiser alcançar seus objetivos com o Pix. Entre as principais metas da agenda de digitalização do sistema financeiro promovida pelo banco estão promover mais “inclusão, competitividade, transparência e educação”.

    Conforme explica o sócio da Boanerges & Cia., a adesão ao sistema deve acontecer em três grandes “ondas”. Essa primeira, que estamos vendo, de fato trouxe as camadas mais privilegiadas da população, já acostumadas ao internet banking. 

    A segunda e a terceira, que devem ocorrer em paralelo, vão trazer, respectivamente, os clientes de bancos mais “desconfiados”, que ainda não usam aplicativos ou contas digitais, e só então, numa última fase, as camadas mais excluídas da sociedade. 

    Um dos pontos comemorados pelo mercado quando o Pix foi anunciado foi justamente essa a possibilidade de formalização dos ‘desbancarizados’. De acordo com o último levantamento do Instituto Locomotiva sobre o tema, mais de 45 milhões de pessoas ainda vivem sem acesso a instituições financeiras no Brasil.

    Outro fator que pode beneficiar, e muito, a popularização do Pix é a bancarização estimulada pelo auxílio emergencial. Foram 65 milhões de contas digitais abertas pela Caixa somente para receber o benefício do governo. Muitos deles, inclusive, sequer tinha qualquer contato com um banco.  

    Além dos grandes bancos

    De acordo com Winter, esse processo vai acontecer não pelos grandes bancos, como se imaginava, mas por outros canais fora do sistema financeiro que o Pix deve beneficiar. São os marketplaces, grandes varejistas e até telecoms que devem atrair os ‘desbancarizados’ para dentro do movimento de digitalização do sistema financeiro, na análise do especialista.

    “Até mesmo as big techs vão ter um papel importante nesse processo. O WhatsApp, e até o Google, possivelmente, têm potencial de trazer esse público que até então tinha pouco acesso aos produtos e serviços do mercado financeiro”, explica.

    A partir daí, o grande desafio será lidar com as complexidades de um país como o Brasil. Winter lembra que boa parte dos 99% de brasileiros que têm o WhatsApp instalado no celular — segundo pesquisa da Mobile Time — nem sequer é completamente alfabetizado e se comunica majoritariamente por áudios e imagens.

    “Essa pessoa vai ter dificuldade de realizar um cadastro, por exemplo. Mas certamente as empresas já estão olhando para isso e vão criar meios de se aproximar desse público”, diz.

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