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    Piora na economia global agrava riscos de financiamento em países emergentes, alerta OCDE

    Entidade ressalta que o movimento de fuga de capitais deflagrou uma intensa desvalorização das moedas dessas economias ante o dólar

    André Marinho, do Estadão Conteúdo

    A deterioração das condições macroeconômicas, em meio a escalada global dos juros, agrava os riscos de financiamento de países emergentes e em desenvolvimento, avalia a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), no relatório anual Sovereign Borrowing Outlook, divulgado nesta segunda-feira (22).

    A entidade ressalta que o movimento de fuga de capitais deflagrou uma intensa desvalorização das moedas dessas economias ante o dólar, o que exacerba as dificuldades no financiamento do passivo externo.

    Segundo a OCDE, a emissão bruta de dívida em emergentes caiu para US$ 3,8 trilhões em 2022, após ter atingido recorde de US$ 4,1 trilhões em 2021. A China segue o maior emissor global, responsável por 37% de toda o saldo emitido. A tomada de empréstimos nesses países caiu 25% entre 2021 e 2022, segundo a Organização.

    “Olhando para os dados ao nível de país, a maioria das economias emergentes e em desenvolvimento emitiu menos dívida em títulos do governo em 2022 em comparação com seus níveis de 2021, com poucas exceções, incluindo Argentina, Brasil, Bulgária, China e México”, afirma.

    Empréstimos soberanos e emissão de dívidas por países do grupo voltarão a crescer em 2023

    Após terem moderado nos dois anos anteriores, os empréstimos soberanos e a emissão de dívida por países da OCDE devem voltar a crescer em 2023, em meio aos efeitos da guerra na Ucrânia e da escalada dos juros.

    A entidade estima que as necessidades de empréstimo dos integrantes do grupo somaram US$ 12,2 trilhões em 2022, uma queda de 15% ante 2021 e de 21% frente ao pico histórico de 2020, mas ainda 35% maior que o nível de antes da pandemia de Covid-19.

    A trajetória descendente, no entanto, deve ser revertida, com crescimento projetado de 6% este ano, a US$ 12,9 trilhões, conforme a OCDE.

    “Enquanto a crise da Covid-19 aumentou as necessidades líquidas de financiamento do governo em toda a área da OCDE, esse aumento adicional é na maioria confinado aos países mais afetados pela guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia”, explica.

    A proporção da dívida dos governos para o Produto Interno Bruto (PIB) recuou de 90% em 2020 a 83% no ano passado, ainda segundo a Organização.

    A expectativa é de que essa taxa fique relativamente estável em 2023, cerca de 10 pontos porcentuais maior que antes da emergência daCovid-19.

    A OCDE estima também que o saldo da dívida ficou estável em cerca de US$ 50 trilhões em 2022 e deve alcançar US$ 52 trilhões em 2023, à medida que o crescimento econômico mais lento afeta a arrecadação de impostos.

    O recente aperto monetário global complicará o serviço da dívida, uma vez que os países enfrentarão custos mais altos para rolar o passivo, acrescenta a OCDE.

    “Uma combinação de liquidez de mercado reduzida e um volume de dívida a ser refinanciado pode tornar os rendimentos mais voláteis e sensíveis a choques”, diz.

    O relatório da entidade com sede em Paris afirma que o prazo médio até o vencimento da dívida pendente alcançou recorde de 8 anos e dois meses em 2022, quase dois anos a mais que em 2022.

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