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    PIB forte no 2º tri gera onda de revisões e economistas já veem alta de 3% em 2023

    Até a semana passada, projeção média do mercado era de 2,3%; PIB cresceu 0,9% nos três meses encerrados em junho

    Juliana Eliasda CNN , São Paulo

    Com um resultado forte e bastante acima do esperado do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no segundo trimestre, economistas começam a refazer as contas e a elevar suas projeções de crescimento para 2023.

    Na banda mais otimista das novas estimativas, já há até os que falam em crescimento na casa dos 3% neste ano.

    Até a semana passada, a projeção média do mercado era de 2,3%, de acordo com o Boletim Focus, relatório semanal do Banco Central (BC) que capta as expectativas de bancos e consultorias para os principais indicadores da economia.

    Entre abril e junho, a economia brasileira cresceu 0,9% na comparação com o trimestre anterior, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    As estimativas esperavam um número bem mais tímido, entre 0% e 0,3%.

    O desempenho se soma a um primeiro trimestre que também já tinha sido forte e surpreendente, com uma alta de 1,8% — segundo dados revisados pelo IBGE.

    O resultado, explicam os economistas, é que só o crescimento realizado no primeiro semestre já garante a alta na casa dos 3% para o resto do ano.

    “O forte crescimento no começo deste ano mostra que, mesmo se não houver elevação da atividade para os outros trimestres do segundo semestre de 2023, o PIB brasileiro irá crescer 3%, superando a atual projeção de mercado, que está em 2,3%”, escreveu o Ministério do Planejamento e Orçamento em nota divulgada pela manhã, após o PIB.

    É o que os economistas chamam de “carregamento estatístico”, uma espécie de herança matemática deixada de um trimestre para o outro: como a primeira metade de 2023 já elevou a riqueza do país a um nível razoavelmente mais alto do que o de 2022, o país nem precisaria crescer mais para fechar o ano com esta alta de 3%.

    E é mais ou menos o que deve acontecer: com pequenas diferenças decimais, as projeções para o segundo semestre são de uma economia parada, crescendo perto de zero.

    Mas, com base apenas nos números mais fortes entregues no segundo trimestre, os bancos e corretoras já refizeram as contas para o resultado do ano.

    Veja algumas casas que revisaram a projeção para o PIB de 2023:

    • Goldman Sachs: de 2,65% para 3,25%
    • Banco Master: de 2,5% para 3%
    • J.P.Morgan: de 2,4% para 3%
    • PicPay: de 1,9% para 3%
    • Banco Inter: de 2,2% para 2,8%
    • BTG Pactual: de 2,2% para 2,8%
    • ASA Investments: de 1,7% para 2,5%

    Surpresas positivas

    “O que está por trás de nossa revisão é que o PIB continua surpreendendo positivamente”, diz o diretor de pesquisa macroeconômica do Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos.

    O banco tem, agora, uma das projeções mais otimistas para 2023, de crescimento de 3,25%, revisado nesta sexta-feira, após a divulgação do PIB, de uma projeção anterior de 2,65%.

    “A fortaleza da economia no primeiro semestre, embora a gente ache que ela vá entrar em uma parada agora, já deixa o ano bem encaminhado para esse crescimento acima de 3%.”

    “De um lado, temos as commodities ainda ajudando essa fase boa que o PIB está vivendo, e que têm a ver com as surpresas na agropecuária“, disse o economista-chefe da Órama Investimentos, Alexandre Espírito Santo.

    “Do outro, há o consumo das famílias, que foi relativamente bom, e que tem a ver com a melhora da inflação, o que inspira as pessoas a tomarem um pouco mais de risco e consumir.”

    A Órama revisou sua projeção para o crescimento da economia brasileira e espera agora alta de 3,1%. O resultado anual embute um segundo semestre quase parado: o crescimento no terceiro trimestre deve ser zero e, no quarto, 0,2%, na comparação com os três meses anteriores.

    “Houve uma surpresa bastante positiva no segundo trimestre por conta dos serviços, que tem mostrado uma desaceleração muito gradual”, diz economista da ASA Investments, Leonardo Costa. A casa revisou sua projeção de 1,7% para 2,5%.

    “Provavelmente a ampliação do gasto fiscal no começo deste influenciou para um crescimento maior que as expectativas, além de um elemento que tem sido um dos mais resistentes, que é o mercado do trabalho, com a taxa de desemprego próxima das mínimas históricas.”

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