Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Petrobras não pode fazer política partidária, diz presidente demitido da estatal

    General Silva e Luna afirmou que não há espaço na empresa hoje para "aventureiros", e defendeu política de preços

    João Pedro Malardo CNN Brasil Business

    em São Paulo

    O atual presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, voltou a defender nesta terça-feira (29) a autonomia e a política de preços da estatal. Demitido ontem pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), Silva e Luna permanece no cargo até o dia 13 de abril, quando a indicação do economista Adriano Pires para assumir o cargo será submetida aos acionistas em assembleia. A troca ocorre  em meio à pressão política sobre a Petrobras devido ao aumento dos preços dos combustíveis.

    Em um evento do Superior Tribunal Militar, Silva e Luna, que não chegou a completar um ano no posto, afirmou que a Petrobras é uma estatal de capital aberto, e que, por mais que ela tenha uma responsabilidade social, não pode fazer política pública e, “muito menos”, política partidária.

    “Fica difícil para a cabeça de muita gente entender porque não faz isso, não se comunica dessa forma, acham que está falhando na comunicação. Não, a empresa não pode fazer política partidária, pública, a lei não deixa.”.

    O general também afirmou que a estatal tem hoje uma “governança muito forte”, com uma série de órgãos reguladores, e que por isso “não tem lugar para aventureiro”. “Uma andorinha só não faz verão, as decisões são coletivas, passam por várias instâncias até chegar a uma decisão”.

    Ao falar sobre a política de preços que a Petrobras pratica atualmente para os combustíveis, Silva e Luna afirmou que o preço de importação (praticado no mercado internacional) serve como uma referência, não um espelho. Ele deu como exemplo a alta de 18% na gasolina, em 10 de março, que ocorreu após 57 dias sem nenhuma alteração nos preços.

    “Nós ficamos 57 dias sem mexer no preço de combustíveis, e [o petróleo] saiu de US$ 82 para US$ 137 o barril. O que definiu a manobra foi o risco de desabastecimento, ninguém consegue comprar mais caro para vender aqui dentro”, disse.

    Ele ressaltou que a decisão foi comunicada ao governo federal. “Informamos ao governo, participei de reuniões, expliquei, teve toda essa confusão que está sendo feita pela mídia, pela mídia não, por informações de interesse duvidoso”.

    “O preço é uma equação e o PPI é apenas uma das variáveis. Nos baseamos em mercado externo, o preço, o mercado interno, se está abastecido, e a parte da competição, importação, o espaço que tem no mercado para negociar, e a variação estrutural e conjuntural”, disse.

    Silva e Luna disse que a estatal busca evitar repassar a volatilidade nos preços, mas que a alta mais recente do petróleo, com a guerra na Ucrânia, gerou um “crescimento permanente”, sem patamar de estabilidade, o que acabou gerando a necessidade de realizar um novo reajuste.

    O general também citou algumas iniciativas que buscam reduzir o impacto da alta de preços no Brasil, como a composição do diesel e o vale-gás, assim como um projeto de lei que altera a cobrança do ICMS nos combustíveis, que, segundo ele, “não teve nenhum efeito ainda sobre preço, mas estão aí”.

    “A Petrobras não é autoexplicativa, tem que informar. Vi pessoas falando que a Petrobras não se comunica. Pelo amor de deus. O que mais faz é se comunicar, mas não pode fazer propaganda, faz publicidade, não tem autorização”.

    Para o atual presidente da estatal, tabelar preços é um “risco que o Brasil não pode correr”. “De 2010 a 2015 o preço ficou caladamente tabelado, o prejuízo foi de US$ 40 bilhões, essa dívida monstra que a Petrobras tem. Há o risco de desabastecimento, e a instabilidade regulatória, que afasta investidores”.