Pesquisa conclui que fomento do Estado é fundamental para desenvolver pequenas empresas
Levantamento analisou dez países no mundo, incluindo os membros do Brics
Um mapeamento de 39 programas de transformação digital no âmbito dos pequenos negócios evidenciou que o fomento por parte do Estado aos micro e pequenos negócios é fundamental para o desenvolvimento das empresas.
A pesquisa “Fomentando a transformação digital empresarial em pequenas empresas por meio de políticas nacionais: um benchmarking internacional”, liderada pelo Sebrae RS, mergulhou no cenário de dez países — entre eles o Brasil.
O diretor-superintendente do Sebrae no Rio Grande do Sul, André Vanoni de Godoy, evidencia a necessidade da participação do governo.
“Não é possível traçar políticas de incentivo aos pequenos negócios a não ser que haja a participação de algum mecanismo estatal ou de uma instituição que tenha como objetivo o fomento ao empreendedorismo. Porque existe um número muito grande de empresas que não tem acesso, nem condições de ter”, afirmou.
A análise inclui os países do grupo original do Brics — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul —, além de Tunísia, Alemanha, União Europeia, Argentina, México e Colômbia.
A Alemanha lidera a lista entre os países que digitalizaram com sucesso suas pequenas empresas, com iniciativas de conscientização e implementação bem estruturadas e em bom progresso.
Uma das práticas de destaque no país é o Mittelstand-Digital 4.0, que atende pequenas empresas usando centros de excelência que oferecem informações, orientações e financiamento.
Para Stefan Wiesner, chefe de departamento do Bremer Institut für Produktion und Logistik GmbH (BIBA) na Alemanha, a digitalização dos pequenos negócios não é sobre tecnologia, mas sim, sobre pessoas.
“Uma conclusão interessante é que o desenvolvimento da indústria e a digitalização não é sobre a tecnologia, mas sobre as pessoas. Você precisa educar as pessoas, sentir a necessidade de digitalizar, e você também precisa olhar para o processo dos negócios”, destaca.
Godoy enfatiza que, para viabilizar a digitalização, um ponto em comum observado nos diferentes países é a necessidade de articulação entre redes de conhecimento e de apoio para os empreendedores.
“Isso para que eles possam acessar os conhecimentos necessários para introduzir e adotar nos seus modelos de negócio a inovação e a digitalização como fatores fundamentais de sobrevivência”, explica.
Brasil em destaque
A pesquisa apontou, ainda, que o Brasil é o único dos dez países analisados com iniciativas que contemplam os três estágios que serviram de parâmetro para o levantamento: conscientização, implementação e manutenção.
A conscientização trata de educar as pequenas empresas sobre os benefícios da tecnologia, enquanto a implementação busca fornecer financiamento, subsídios, acesso à infraestrutura e consultoria para a integração de tecnologias. Já a manutenção observa a avaliação dos resultados e suporte contínuo para a adoção sustentável da tecnologia.
“O que vi aqui é bem avançado. O Brasil tem um bom ponto de início. Poderia ser um modelo para a América Latina. Se você olha para as empresas brasileiras e como elas implementaram a tecnologia, pode ser inspirador”, observa Wiesner.
*A repórter viajou a convite do Sebrae Nacional