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    Pelo segundo ano consecutivo, Brasil perde posições em Ranking Mundial de Competitividade Digital

    País caiu para 57º lugar e teve piora em todos os critérios considerados no levantamento

    Thais HerédiaPedro Zanattada CNN

    em São Paulo

    O Brasil perdeu cinco posições e voltou a ocupar o mesmo patamar dos anos 2018 e 2019 no Anuário de Competitividade Digital elaborado pelo instituto suíço IMD, em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC).

    Na edição de 2023, com 64 países pesquisados, o país foi para o 57º lugar no ranking geral e teve piora em todos os critérios considerados pelo levantamento.

    Entre os poucos destaques positivos, o Brasil está bem posicionado no quesito de total de gastos públicos com educação (12º), representatividade feminina em pesquisas científicas (17º), produtividade em pesquisas de P&D (7º) e uso de serviços públicos online pela população (11º).

    Em contraponto aos gastos com educação, o Brasil cai para o 54º lugar no quesito porcentagem da população com ensino superior e para o 62º em habilidades digitais e tecnológicas.

    Do ponto de vista regulatório há muito ainda a avançar segundo levantamento. Nos critérios legislação para abertura de negócios e incentivo para desenvolvimento e aplicação tecnológica, o país ocupa as posições 58ª e 59ª respectivamente.

    Para Hugo Tadeu, professor e diretor do núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral, o fato do Brasil se destacar pelo volume de gastos em educação e ficar tão mal posicionado em critérios de desenvolvimento, sinalizam que a alocação dos recursos não está sendo eficiente.

    “Nossa demanda hoje está na engenharia, na matemática e na ciência de dados. Quando olhamos o resultado do teste Pisa, as crianças brasileiras já apresentam um gap de entendimento para a questão tecnológica. Então, não é volume de dinheiro. O Brasil, por ventura investe muito em educação. O grande desafio é a qualidade desse investimento e das políticas publicas que a gente vai ter que fazer para suportar a transição para a economia digital”, disse à CNN.

    / Reprodução/CNN
    / Reprodução/CNN

    O professor da Dom Cabral chama atenção para o desempenho dos países que ficaram na liderança do ranking.

    Segundo ele, todos cresceram a uma velocidade mais forte, deixando o Brasil numa situação mais desafiadora. Ele aponta que o crescimento do país depende cada vez mais do aumento da produtividade, da qualidade da alocação dos recursos na área de tecnologia.

    “Nós produzimos muitos artigos científicos, mas isso não significa qualidade. Qualquer que seja o país desenvolvido, o foco da produção cientifica está em quanto a pesquisa vira patente e geração de riqueza. Aqui, o modelo é o contrário, os pesquisadores estão gerando ciência, mas ela fica encapsulada dentro das universidades. A gente não consegue converter conhecimento em capital e isso tem impacto direto na produtividade da economia”, alerta Hugo Tadeu.

    Sobre os países que tem maior competitividade digital no mundo, o levantamento do IMD aponta a consolidação da América do Norte, Europa e Ásia no topo do ranking.

    Os Estados Unidos retornaram a liderança, após terem perdido a posição no ano passado. Holanda vem em 2º, Singapura 3º, Dinamarca 4º e Suíça em 5º lugar.

    Veja também: CNN Talks: Sustentabilidade deve ser prioridade para lideranças