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    Pela primeira vez, China e empresa ocidental fecham acordo com pagamento em yuan

    Operação reforça uma estratégia traçada por Xi Jinping e demais governantes dos Brics, inclusive do presidente Lula, de substituir o dólar em transações internacionais

    Transação foi mediada pela Bolsa de Petróleo e Gás Natural de Xangai
    Transação foi mediada pela Bolsa de Petróleo e Gás Natural de Xangai Pixabay

    Lourival Sant'Annada CNN

    Pela primeira vez uma empresa ocidental aceitou receber em yuans, ou renminbi, como é chamada tecnicamente a moeda chinesa, por uma exportação de gás natural liquefeito para a China.

    A operação reforça uma estratégia traçada por Xi Jinping e demais governantes dos Brics, inclusive o presidente Lula, de substituir o dólar em transações internacionais.

    A empresa francesa TotalEnergies vendeu 65 mil toneladas de gás liquefeito dos Emirados Árabes Unidos para a estatal chinesa CNOOC. A transação foi mediada pela Bolsa de Petróleo e Gás Natural de Xangai.

    Durante visita à Arábia Saudita em dezembro, Xi havia dito que faria “uso pleno” da Bolsa de Xangai para pagar por petróleo e gás em yuans.

    O movimento coincide com a nomeação da ex-presidente Dilma Rousseff para a presidência do Novo Banco de Desenvolvimento, ou Banco dos Brics, em Xangai, e com a visita de Lula a Pequim, agora pretendida para o dia 11.

    Ainda durante a transição, em dezembro, o então ministro da Fazenda designado, Fernando Haddad, anunciou a criação do real digital. China, Rússia e Índia já lançaram suas moedas digitais emitidas por Bancos Centrais (CBDCs, na sigla em inglês): o yuan, o rublo e a rúpia digitais, respectivamente.

    Esse antigo projeto dos Brics, que remonta aos governos petistas anteriores, tem sido acelerado pelas sanções ocidentais contra a Rússia por causa da invasão da Ucrânia.

    A Rússia foi excluída do sistema Swift de transações financeiras eletrônicas globais, e intensificou a sua integração ao Sistema de Pagamento Interbancário da China (Cips).

    Antes da invasão, mais de 60% das exportações russas eram pagas em dólares, euros e libras, que o Kremlin passou a chamar de “moedas tóxicas” depois das sanções.

    Em contrapartida, menos de 1% das vendas era fechada em yuan. Hoje, essa fatia já é de 16%.

    Paralelamente, o comércio total entre a China e a Rússia atingiu um novo recorde em 2022, subindo 30%, para US$ 190 bilhões. A China substituiu em grande parte a Europa como destino da energia russa, banida pelas sanções.

    Os chineses compraram US$ 50,6 bilhões em petróleo bruto da Rússia de março a dezembro, um aumento de 45% em relação ao mesmo período do ano anterior.

    As importações de carvão aumentaram 54%, para US$ 10 bilhões. As compras de gás natural, incluindo canalizado e liquefeito, dispararam 155%, para US$ 9,6 bilhões.

    Metade do gás exportado pela Rússia vai agora para a China e 40% do petróleo consumido pelos chineses é russo. Dessa forma a China, ao lado da Índia, é a principal responsável pela sobrevida econômica da Rússia em seu esforço de guerra contra a Ucrânia.

    As importações de produtos russos, principalmente fertilizantes, pelo Brasil, também aumentaram 38%, de US$ 5,70 bilhões em 2021 para US$ 7,85 bilhões em 2022.

    Agora, o Brasil embarca gradualmente na integração financeira com a China e os Brics.

    De acordo com a correspondente da CNN em Paris, Priscila Yazbek, como parte dos acordos firmados em Pequim, o Banco Bocom BBM anunciou a adesão ao Cips e a sucursal brasileira do Banco Industrial e Comercial da China (ICBC), o maior banco do mundo, passa a atuar como banco de compensação do yuan no Brasil.