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    PEC dos Precatórios deve encarecer crédito e frear economia, diz Salto, do IFI

    Com os juros mais altos, explica Salto à CNN, fica mais difícil para o governo estabilizar a relação entre dívida e PIB, o que tem efeitos diretos sobre o crescimento

    Ligia Tuondo CNN Brasil Business

    São Paulo

    A aprovação da PEC dos Precatórios — que abre espaço no Orçamento de 2022 para o Auxílio Brasil –, deve ter um efeito colateral incômodo na economia já no curto prazo, segundo Felipe Salto, diretor-executivo do IFI (Instituição Fiscal Independente), órgão vinculado ao Senado Federal.

    “A economia é um sistema de vasos comunicantes. Quando a confiança fiscal sofre abalos ou turbulências, aqueles que tem dinheiro para financiar o governo (por meio da compra de títulos públicos) exigem juros maiores para os títulos. Com isso, a expectativa para os juros básicos já passam de 11% no ano”, diz em entrevista à CNN.

    Com os juros mais altos, explica Salto, fica mais difícil para o governo estabilizar a relação entre dívida e PIB, o que tem efeitos diretos sobre o crescimento. “O aumento dos juros é motivado pelo agravamento risco (de investir no país), pela mudança na regra do teto de gastos, o que significa a desancoragem do ‘navio’, que fica a deriva, e acaba encarecendo o crédito”, diz.

    “O que mais me preocupa hoje é olhar para o ano que vem e perceber que os investimentos não vão florescer, porque  custo para tomar crédito vai ficar bastante difícil em vista da decisão dos empresários. 2022 pode ser um ano muito ruim”, diz ele, citanto também o ritmo da atividade.

    Economia estacionada

    Salto também comentou o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre, divulgado nesta quinta-feira (2) pelo IBGE. Segundo ele, apesar do recuo de 0,1% na economia entre julho a setembro — o que configura um quadro de recessão técnica, já que o resultado também veio negativo no período imediatamente anterior — o cenário atual é muito mais de uma economia estacionada do que em recessão.

    “A ideia de se falar em recessão técnica, dá a impressão de que a gente entrou numa tendência, queda sistemática, mas é uma variação muito pequena, na verdade, estamos estagnados, o que fica para 2022 é que vai ser muito difícil ter uma taxa de crescimento efetiva”, diz.

    “A economia está numa dinâmica quase estacionada na margem (trimestre contra trimestre), o que mostra que não está havendo uma recuperação efetiva, como se imaginava que pudesse ter a essa altura do campeonato. Isso acontece por questões externas, mas também domésticas”.

    Para ele, apesar de o resultado ser bem negativo para o período, não altera de forma relevante as perspectivas para esse ano. “No terceiro trimestre, o PIB foi prejudicado do lado e oferta (setores de produção), com o agronegócio registrando um desempenho muito ruim, por conta da sazonalidade da soja, questões climáticas, mas quando olhamos para a indústria (0%) e serviços (1,1%), também não tem nada muito animador”.

    “Neste ano, vamos ter um crescimento do PIB de 4,5% provavelmente, abaixo dos 4,9% previstos anteriormente, em razão de uma base de comparação mito baixa. No ano passado houve queda de 4% na economia, uma recessão para valer”.