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    Guedes sugere vender ativos do BNDES para fundo contra pobreza

    Em participação de evento do setor automobilístico, o ministro da Economia criticou a manutenção de carteira de ações do banco estatal

    Elis BarretoAnne Barbosada CNN em Brasília e em São Paulo

    Em um evento do setor automobilístico nesta quinta-feira (8), o ministro da Economia, Paulo Guedes, sugeriu que o governo poderia vender a carteira de ações do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento), para construir uma hidrelétrica ou criar um fundo de erradicação da pobreza.

    “Usando o exemplo do BNDES, ele tem uma carteira lá, ele tem R$ 100 bilhões em ativos financeiros. Ele tem ação da JBS, da Marfrig, da Vale, da Petrobras, da Eletrobras. Eu pergunto: qual o uso desse capital público? Para que o governo brasileiro precisa de ações de grandes empresas privadas, ou mesmo estatais? Para que ele precisa? Nós não precisamos disso”, disse o ministro.

    Guedes completa afirmando que o Brasil precisa de uma hidrelétrica, e propõe vender os recursos para construir a usina. Segundo o ministro, uma hidrelétrica em Roraima, por exemplo, seria um desejo do presidente Jair Bolsonaro (PL). “Da mesma forma, nós temos que usar esses recursos para reduzir a pobreza, um fundo de erradicação da pobreza com esses recursos.”, completou Guedes.

    Ainda no evento, Paulo Guedes afirmou que o Brasil deve crescer quase 3% neste ano, e destacou o crescimento econômico do país nos primeiros seis meses de 2022.

    Nos dois primeiros trimestres deste ano, o país registrou um PIB de 2,5%.

    Sobre energia renovável, Guedes voltou a citar o investimento em eólicas na região Nordeste do país, com intenção de exportação. De acordo com o ministro, a ideia é dobrar a capacidade de geração eólica do Brasil de 10% para 20% do PIB. O ministro finalizou afirmando que o Brasil está “condenado a crescer, se tiver gente boa administrando”.

    Oportunidade Histórica

    O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou durante painel no Automotive Business Experience, que é preciso fortalecer a relação com países vizinhos e que “não basta estar perto”.

    “Também tem que ser amigo. O Brasil tem uma oportunidade histórica com a desorganização das cadeias produtivas globais de emergir como um país de grandes recursos, como potência digital, energética, ambiental e alimentar”, disse.

    Na palestra, chamada de “Indústria automotiva e mobilidade à brasileira: o papel nacional no contexto global”, o ministro também falou que a indústria brasileira “não está e não vai ficar em risco.”

    “Nós atravessamos a maior crise sanitária com desempenho maior que economias mais ricas. Eu dizia: vamos voltar em “V, porque estamos conversando com os empresários e criando programas como o Pronampe”, afirmou.

    Indústria

    O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a prometer zerar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). “A indústria estava sofrendo nas últimas três ou quatro décadas com juro muito alto, impostos e encargos trabalhistas excessivos, custo Brasil. Baixamos em 35% o IPI e vamos levar para zero e reindustrializar o Brasil. Estamos muito comprometidos com essa pauta”, afirmou.

    O ministro reafirmou ainda que o Brasil vai fazer a transição da economia cinza para a economia verde mais por ter energia mais barata. “E nós vamos retirar os impostos sobre a indústria e vamos avançar na desoneração trabalhista. É muito fácil tributar eletricidade e combustíveis, porque é fácil de coletar, mas isso destrói a competitividade da indústria”, avaliou. “O grande momento do Brasil é agora, porque vamos ter oportunidades logísticas e de geopolítica, e vamos dar um choque da energia barata”, completou.

    O ministro disse que o governo estuda programas de “depreciação acelerada” para as empresas que investirem na transição energética e em inovações tecnológicas.

    “Está investindo em inovações? Não precisa pagar imposto agora, prefiro investimento. Vamos fazer esquemas de depreciação acelerada. O IPI vamos levar a zero. Como pode haver indústria forte se existe um imposto contra produtos industriais?. Isso é uma excrescência feita em governos passados”, questionou.

    Guedes repetiu que o Brasil já tem a energia renovável mais barata do mundo vai produzir a energia do futuro, com a produção de hidrogênio verde. “Se tirar os impostos, temos a energia mais barata do mundo. Vamos construir de dez a 50 Itaipus no Nordeste com usinas eólicas, aproveitando o vento contínuo e unidirecional. Vamos dobrar nossa capacidade eólica nos próximos cinco anos”, reafirmou.

    PIB

    O ministro enfatizou mais uma vez que a economia brasileira atravessou a pandemia com um desempenho melhor do que o das economias de países avançados. “Já crescemos 2,5% este ano, mas é claro que vamos crescer mais. Vamos crescer quase 3,0% este ano, o Brasil já se levantou”, afirmou, em palestra na #ABX22 – Automotive Business Experience.

    Ao repetir as ações do governo durante a pandemia, Guedes citou que o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) fez com que 48% dos empréstimos chegassem às menores firmas na crise. “Antigamente só tinha dinheiro para campeão nacional, agora os recursos do crédito foram para os pequenos e médios”, lembrou. “Preservamos 11 milhões de empregos formais e mantivemos a economia pulsando com o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm). E as pessoas que receberam o Auxílio Emergencial continuaram se alimentando”, reafirmou.

    Menos gastos

    Guedes, repetiu que o atual governo é o primeiro a chegar ao fim do quarto ano gastando menos em proporção do PIB do que no começo do mandato. “Gastávamos 19% do PIB, com a pandemia fomos a 26,5%, e agora voltamos a 18,7% do PIB”, afirmou, na mesma palestra.

    Guedes repetiu ainda que a relação entre a dívida bruta e o PIB, que alguns economistas alertavam que poderia chegar a 100%, foi a 88% na pandemia. “A dívida/PIB já voltou a 77,5% e vai cair para 76% ainda este mês porque estamos espremendo o BNDES para devolver o dinheiro, a despedalada final. Está nos devendo R$ 90 bilhões e tem que pagar até o fim do ano”, completou.

    O ministro voltou a dizer que a economia está forte e crescendo, com o primeiro superávit fiscal desde 2014. “O crescimento é revisto para cima a todo momento e a inflação com revisão para baixo. O desemprego está em 9,1% e dá tempo para voltar para 8% até o fim do ano”, projetou.

    Para Guedes, o mundo está em turbulência e a América Latina estaria “desmanchando”. “Vocês viram o que está acontecendo na Argentina, no Chile e na Venezuela. O BC europeu acordou hoje. Brasil vai crescer 3% os Estados que estão entrando em recessão”, acrescentou.

    *com Estadão Conteúdo