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    Patricia Travassos: criptomoedas são usadas na guerra para proteção e doações

    Especialista CNN em tecnologia avalia que conflito mostra que moedas digitais são alternativas ao sistema tradicional

    João Pedro MalarThamires de BritoDuda Lopesda CNN , em São Paulo

    Especialista CNN em tecnologia, Patricia Travassos, falou nesta quarta-feira (23) sobre os usos das criptomoedas no conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que vão desde a proteção de patrimônio financeiro até uma forma de reunir doações para ajudar os afetados pela guerra.

    Segundo Travassos, “as criptomoedas já se provaram nessa guerra ser uma alternativa ao sistema tradicional, tanto para os russos quanto para os ucranianos, apesar da altíssima volatilidade”.

    Ela lembra que as moedas digitais foram criadas para baratear e agilizar transações financeiras internacionais, e em geral não estão ligadas a um país e não possuem fronteiras. Hoje, são cerca de 15 mil tipos de criptomoedas, com o bitcoin sendo a mais famosa.

    “A garantia da existência é a autenticação, validação, pela tecnologia de blockchain, uma rede de dados inviolável que registra de forma descentralizada todas as transações feitas em cripto em todo o mundo”, diz.

    Dados apontam que, hoje, cerca de 5% dos brasileiros investem em criptomoedas, ante 11% na Rússia e 13% na Ucrânia, a maior proporção de investidores do mundo.

    Antes da guerra começar, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky chegou a sancionar uma regulamentação para o setor, mas Travassos avalia que a proporção de investidores “ainda não resolver o problema da maioria da população, que perdeu o acesso a suas economias”.

    “Nesse contexto, as criptomoedas viraram uma nova rota de fuga, uma ferramenta de proteção de patrimônio, liquidação de ativos e até doação de valores”, afirma, citando um fundo de criptomoedas da Ucrânia que já arrecadou US$ 60 milhões para as forças armadas do país.

    Há casos ainda de venda de NFTs para arrecadar dinheiro para ajuda humanitária, e de hackers que criaram um fundo para arrecadar bitcoins para subornar membros do exército russo a sair da guerra.

    Já no lado russo, a especialista comenta que alguns cidadãos estão liquidando dinheiro em países como os Emirados Árabes Unidos como forma de fugir da desvalorização da moeda do país, o rublo.

    “Essas crises são capazes de catalisar inovações, provar novos conceitos, alternativas que poderiam levar anos para se popularizarem. Em situações como essa elas ganham divulgação internacional e conquistam novos adeptos”, afirma.

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