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    Participação no G7 é oportunidade para Brasil apresentar reformas às grandes economias, dizem especialistas

    Nesta quinta-feira, Haddad deve iniciar agenda se reunindo com a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen

    Pedro Zanattada CNN

    em São Paulo

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve se encontrar nesta quinta-feira (11) com a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, na cidade de Niigata, Japão, onde está localizada a sede do G7. A reunião será a primeira da agenda do ministro com lideranças políticas das sete principais economias do mundo.

    De acordo com economistas, o ministro da Fazenda deve utilizar a oportunidade para apresentar a agenda econômica do governo como um projeto de modernização da economia brasileira, principalmente com o novo marco fiscal e a reforma tributária.

    “É uma oportunidade para o Brasil demonstrar que está no caminho de uma modernização econômica e fiscal, que o Brasil quer fazer uma reforma fiscal e tributária, e isso é muito bem avaliada pelos países do bloco. Significa que o governo está com uma política séria para atrair investimento e trazer previsibilidade”, diz Roberto Georg Uebel, economista e professor de Relações Internacionais da ESPM.

    Com relação à reunião com Janet Yellen, a avaliação dos especialistas é de que Haddad deva tratar com a secretária outro tema que será recorrente na pauta do grupo: as taxas de juros.

    “Assim como enfrentamos um debate público sobre os juros, os Estados Unidos também seguem na mesma direção. Esse talvez seja um dos temas, além da reforma fiscal e do sistema tributário”, analisa Uebel.

    Segundo o estrategista de comércio exterior do Banco Ourinvest e ex- secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, no encontro, também deve ser debatido o cenário para investimentos norte-americanos no Brasil, além dos rumos cenário macroeconômicos que cada país deve seguir.

    De acordo com a própria Fazenda, o ministro tem como pauta três pontos principais: reforçar a relevância do Brasil no cenário internacional, discutir reformas necessárias para a economia e criar laços com atores do G7 e convidados.

    Com o recente fortalecimento do grupo, o Brasil, Índia e Indonésia foram convidados para participar da cúpula.

    Para os economistas, é importante que o Brasil apresente reformas e propostas econômicas para buscar visibilidade e se colocar como um país com previsibilidade e seguro para investimentos.

    “É uma grande oportunidade, um encontro de lideranças, os países mais ricos e que possuem maior impacto sobre a economia mundial. Então é uma oportunidade de mostrar liderança, esclarecer politicas macroeconômicas e isso tem repercussão nas analises dos bancos e fundos internacionais”, comenta Barral.

    Haddad também deve se encontrar com o prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz na sexta-feira (12). Em março, o economista disse à CNN que os juros altos não se justificam nem no Brasil, nem nos Estados Unidos, pois as causas da inflação em ambos os casos não serão combatidas com mais aumentos.

    Vinícius Vieira, professor de relações internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), chama a atenção para o que crescente movimento de substituição do dólar como moeda corrente nas transações entre países, tema que deve ser debatido pelas maiores economias do globo.

    “Me parece que é um esforço coletivo do G7 para tentar impedir que o Brasil, entre outros, migrem para uma onda de desdolarização. Não uma desdolarização completa, mas um movimento de buscar alternativas ao dólar”, disse.

    Vieira lembrou das declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante viagem à China, quando criticou o uso do dólar e defendeu o uso de uma moeda única entre países dos Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

    Agenda

    Segundo o governo federal, esta é a primeira vez que um ministro da Fazenda brasileiro participa do encontro. As sessões oficiais do G7 começam na próxima sexta-feira (12).

    A primeira mesa, que contará também com a presença de Joseph Stiglitz, vai abordar o futuro do Estado de bem-estar social. A segunda sessão discutirá a macroeconomia de países emergentes e a terceira, o desafio do financiamento, sobretudo na área de infraestrutura.

    Haddad também deve se encontrar com os seus pares do Japão, Shunichi Suzuki, e da Índia, Nirmala Sitharaman, para debater a transferência da presidência do do G20, o grupo das 19 maiores economias do mundo e União Europeia, ao Brasil.

    No sábado (13), Haddad retorna ao Brasil, com previsão de pouso em São Paulo na manhã do domingo (14).