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    Parceria entre Arábia Saudita e agronegócio brasileiro é “ganha-ganha”, dizem especialistas

    Professora diz que Arábia Saudita tem buscado variar os setores que explora para abranger possibilidades para além do petróleo

    Brasil exportou US$ 2,4 bilhões para Arábia Saudita em 2023, 27% representa carne de aves
    Brasil exportou US$ 2,4 bilhões para Arábia Saudita em 2023, 27% representa carne de aves Paulo Whitaker/Reuters

    João Nakamurada CNN*

    São Paulo

    De janeiro a setembro de 2023, o Brasil exportou US$ 2,4 bilhões (R$ 12,02 bilhões) em produtos para a Arábia Saudita, de acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

    A principal categoria de produtos comercializados foi a de “carnes de aves e suas miudezas comestíveis, frescas, refrigeradas ou congeladas” no valor de cerca de US$ 640 milhões (R$ 3,205 bilhões), ou 27% da participação no total.

    O agro brasileiro atraiu olhares da Salic, empresa de investimentos em agropecuária da Arábia Saudita, que passou a investir em empresas brasileiras do setor.

    Para Andréia Adami, professora na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq) da USP e pesquisadora no Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a parceria entre a Arábia Saudita e o Brasil visa diversificar as oportunidades para os dois países.

    Ela explica que a Arábia Saudita tem buscado variar os setores que explora para abranger possibilidades para além do petróleo.

    Para o CEO e secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), Tamer Mansour, o interesse da Arábia Saudita em abarcar práticas mais sustentáveis é um fator relevante para o Brasil.

    “Quando os investimentos sauditas começaram no Brasil, eles não surgiram por acaso. A Arábia Saudita vinha querendo se tornar um líder dos países árabes para defender a causa de segurança alimentar“, diz.

    Segundo ele, se os negócios se sustentarem entre os países, a parceira tem um potencial benéfico para os dois lados.

    “Estão descobrindo cada vez mais que o Brasil é o caminho certo para tudo isso”, afirma.

    Segundo Adami, a grande extensão de zonas áridas no Oriente Médio, com terras inférteis e falta de recursos para produzir, leva os países da região a serem grandes importadores de alimentos, tendo no Brasil um aliado histórico nesse sentido.

    “No início da parceria, o Brasil foi um importante fornecedor, principalmente de carne de frango, que cresceu fortemente nos anos 1990 e 2000”, conta a professora.

    Com o passar do tempo, a parceria vem se transformando. “Investimentos estratégicos”, como descreve Mansour, são feitos por ambas as partes para desenvolver o agronegócio brasileiro, seja localmente ou levando operações para a Arábia Saudita.

    “[A Arábia Saudita é] um dos maiores parceiros investidores no agro brasileiro, tanto aqui como lá”, reitera o CEO da Câmara Árabe.

    Desse modo, além de garantir a segurança alimentar para a população saudita, a parceira assegura o desenvolvimento do agronegócio como um todo, apontam os especialistas.

    “Desde então, além do aprofundamento da parceria com o setor brasileiro de produção de aves e suínos, os sauditas têm investido também no setor de bovinocultura, e não mais com vistas apenas à segurança alimentar do país, mas também como estratégia de expansão de seus negócios”, explica Adami.

    “Para as empresas brasileiras têm sido uma importante fonte de recursos para o aprimoramento de suas operações e expansão de seus negócios, inclusive para o exterior”, conclui a professora.

    *Sob supervisão de Thâmara Kaoru

    Veja também: Arábia Saudita destaca otimismo em relação com o Brasil