Parcelado sem juros encarece crédito direto ao consumidor, diz Campos Neto
Para o presidente do BC, sistema de crédito direto ao consumidor poderia ser “o grande viabilizador do consumo que está basicamente parado há muitos anos”
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o parcelamento sem juros no cartão de crédito no Brasil faz com que as instituições financeiras aumentem os juros cobrados no crédito direto ao consumidor (CDC). Segundo ele, se a situação fosse contrária, o endividamento poderia ser menor.
“O parcelado sem juros no Brasil corresponde a 15% de todo o crédito do Brasil. Nos últimos anos, saltou de 5% a 7% para 15%. Você tem um produto ligado a cartão de crédito, que é 15% do crédito. Quando pega o CDC, era 5% e foi para 6%. Ou seja, o crédito ligado ao consumo está ligado ao parcelado sem juros do que o crédito ligado ao consumidor”, disse em café da manhã organizado pela Frente Parlamentar pelo Livre Mercado, na manhã desta quarta-feira (22).
“Nos outros países é ao contrário. Como o parcelado é sem juros e a inadimplência não é baixa, a gente tem que entender que o banco transfere o custo do produto. Pode ser que ele aumente o juros em outro produto. Pode ser que o parcelado sem juros esteja inibindo o crescimento do CDC”.
Campos Neto seguiu dizendo que o CDC poderia ser “o grande viabilizador do consumo que está basicamente parado há muitos anos”.
“O consumidor está pagando os juros de um produto que não tem. Então, a gente poderia ter uma situação contrária, menos parcelado sem juros e muito mais crédito ao consumidor com juros mais baixos, que no final das contas teria um efeito contrário”, afirmou.
O CDC é um tipo comum de crédito ofertado pelos bancos de forma menos burocrática, com o intuito de facilitar o crédito. O pagamento pode ser feito no crediário ou com alguma forma de financiamento.