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    Para mercado, Haddad não é surpresa; interesse agora é em equipe técnica

    Lula confirmou nesta sexta-feira (9) nome de Fernando Haddad para comandar o Ministério da Fazenda em seu novo governo

    Juliana Eliasdo CNN Brasil Business

    em São Paulo

    A confirmação do ex-ministro petista e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad para o Ministério da Fazenda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, embora não fosse o cenário ideal na visão do mercado financeiro, não foi, também, a essa altura, uma surpresa.

    Isto ajudou a bolsa e o dólar passarem pela notícia de maneira relativamente tranquila nesta sexta-feira (9), após o anúncio oficial feito por Lula no fim da manhã, pouco antes do início do jogo entre Brasil e Croácia pela Copa do Mundo.

    De acordo com economistas consultados pela CNN, o principal foco, agora, será aguardar a nomeação da equipe de secretários e técnicos que responderão a Haddad dentro da Fazenda, e, principalmente, como será a condução da política econômica em si, a começar pelo desfecho da PEC do Estouro.

    “O nome [do ministro], em si, não é tão relevante. O que interessa daqui para frente são os fatos, o desenrolar da PEC, alguma demonstração pública de mais compromisso fiscal”, disse o estrategista-chefe da Inv, Rodrigo Natali.

    O Ibovespa encerrou o dia alta de 0,25%, a 107.519,56 pontos, depois de chegar a avançar mais de 1% pouco depois do anúncio, no início da tarde, e o dólar subiu 0,5%, a R$ 5,24.

    Sem surpresas

    “O anúncio de Haddad, hoje, só oficializou o que todo o mundo já sabia; é algo que estava sendo ventilado há muito tempo”, diz o economista e sócio da BRA BS Beto Saadia. “Então o mercado já tinha se preparado, já colocou nos preços e já montou sua posição.”

    De fato, apesar do dia em alta, a bolsa de valores vem perdendo pontos desde o término da eleição, quando chegou a bater os 116 mil pontos.

    De lá para cá a queda é da ordem dos 7%, em meio a críticas de Lula às políticas de ajuste fiscal, a tramitação da PEC do Estouro e, também, as expectativas pela formação de sua equipe econômica.

    Saadia destaca que, agora, os olhos se voltam para os secretários e outros ministros que devem trabalhar ao lado de Haddad, e em quanto eles devem balancear a agenda econômica do novo governo.

    “A mensagem é que Haddad deve ser peça chave não só para a política econômica, como também nas negociações políticas”, diz o economista.

    “Então o mercado agora irá olhar mais para os outros nomes, como do Planejamento, do Comércio Exterior e mesmo da equipe que irá trabalhar com Haddad no ministério, e que pode ter nomes interessantes.”

    Articulação política

    Para alguns, um ministro da Fazenda com perfil político – embora Haddad tenha, também, formação em economia – pode até ter sua utilidade nesse momento.

    “Claro que um nome mais técnico seria o ideal, mas o mercado entende também a necessidade de ter uma personificação política à frente do Ministério da Fazenda”, disse Edmar de Oliveira, operador de renda variável da One Investimentos.

    “O diálogo com a classe política tende a acontecer de forma mais natural. O [ministro da Economia, Paulo] Guedes teve uma dificuldade muito grande de dialogar com o Congresso e alas de outros espectros ideológicos”, acrescenta.

    “O Haddad tem as habilidades que Lula julga relevante para a articulação política”, disse o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, mencionando que tanto Guido Mantega quanto, principalmente, Antonio Palocci, já tinham esse perfil quando comandaram a Fazenda nos primeiros mandatos do petista.

    “Acredito que Haddad vai ter uma equipe que consiga preservar a responsabilidade fiscal com a demanda social, que é o ponto crítico. Lula aprendeu em seus mandatos que inflação alta e câmbio desvalorizado destroem a popularidade do presidente, e o Haddad sabe disso também.”