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    Covid-19 fez ‘futuro’ chegar mais rápido ao Pão de Açúcar: venda online dispara

    Segundo Rodrigo Pimental, diretor de e-commerce da varejista, resultados conquistados durante a pandemia no digital eram esperados somente para 2023

    Loja do Pão de Açúcar: vendas online durante a pandemia chegaram a patamar esperado somente até 2023
    Loja do Pão de Açúcar: vendas online durante a pandemia chegaram a patamar esperado somente até 2023 Foto: GPA/Divulgação

    Luísa Melo, do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Trancado em casa por conta das medidas de combate ao coronavírus, o brasileiro foi obrigado a comprar mais online. E essa mudança de comportamento impulsionou a digitalização dos supermercados – último e mais resistente nicho do varejo a passar pelo processo, segundo os especialistas.

    O Grupo Pão de Açúcar, por exemplo, precisou montar uma “estratégia de guerra” para dar conta do aumento da demanda desde o início da quarentena. 

    Só na última quinzena de março, a quantidade compras feitas pela internet na rede cresceu 150%. A empresa, que até então tinha 120 lojas e um centro de distribuição com operações voltadas às vendas pela internet no país, agora tem 300 lojas e cinco centros de distribuição dedicados. Mais de 1 mil pessoas foram contratadas. 

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    “Planejamos dobrar a capacidade operacional de 2019 para 2020, mas não era para acontecer em três meses, era ao longo do ano”, diz Rodrigo Pimentel, diretor de e-commerce GPA. “Estamos vivendo 2023 agora. O futuro veio mais rápido do que esperávamos.”

    A rede ainda não pode abrir os números do segundo trimestre, mas garante que as vendas aumentaram mês a mês de abril até junho. “O crescimento que tivemos no segundo trimestre é sem precedentes. É um comportamento que vem se confirmando”, afirma Pimentel. “Antes, uma pequena parcela de pessoas fazia supermercado online, agora são milhares e milhares.”

    O segmento de alimentos é naturalmente o último do varejo a entrar para o mundo digital porque os consumidores gostam de escolher pessoalmente frutas, verduras e carnes, por exemplo, que não são padronizados como roupas e eletrônicos.

    “São comportamentos não necessariamente racionais.  Mas vem a pandemia e nos obriga a sair da zona de conforto. E aí uma turma nova que você nunca imaginava começa a fazer compras online. É o que a gente chama de ‘imigrantes digitais'”, explica Ana Paula Tozzi, presidente da consultoria de varejo AGR.

    “Dizemos que, na hora que uma pessoa comprar uma batata e um bife na internet, ela compra qualquer coisa”, diz Pimentel. 

    Para a especialista em varejo, é um caminho sem volta. Tanto para os consumidores, quanto para as empresas, que terão que se estruturar para atender esse público. “Boa parte não vai retornar com a mesma frequência de compra para o mundo físico”, afirma. 

    Ela conta que, na AGR, já cresceu a procura de companhias por projetos de transformação digital. “Sem dúvida, esse processo vem com força total”, diz. “É claro que não dá para ignorar a morte de pessoas e de empresas, e o desemprego [causados pela pandemia da Covid-19]. Mas temos a antecipação da transformação digital, o que significa o fortalecimento das operações de varejo.” 

    Como consequência, segundo Ana Paula, as companhias terão de ampliar investimentos em tecnologia e na formação de pessoas. E também devem usar mais inteligência artificial e análise de dados.

    ‘Dados são o novo petróleo’

    No caso do GPA, os aplicativos são uma aposta para acelerar ainda mais o movimento e já respondem por 50% das vendas feitas pela internet. Já são 14 milhões de downloads no Pão de Açúcar Mais, no Club Extra, e também no James, startup de entregas comprada pela rede há pouco mais de um ano.

    Pimentel, diretor da varejista, diz que a empresa acha importante manter a operação do serviço internamente para “não terceirizar a relação com o consumidor” e para poder acompanhar de perto o comportamento dele na hora de comprar.

    “Dados são o novo petróleo. Ter o controle das compras, das categorias vendidas, tem muito valor”, afirma.

    Segundo ele, o ticket médio das compras por aplicativo é de R$ 400, seis vezes maior do que o das lojas físicas. E, desde a chegada da pandemia, a venda de perecíveis pela internet no grupo cresceu cerca de 500%.

    A procura por bebidas alcoólicas online também aumentou significativamente na crise. O GPA vendeu de janeiro a maio a mesma quantidade de vinhos comercializada durante todo o ano de 2019.

    Para a companhia, o próximo passo da digitalização será o lançamento de um market place (espécie de vitrine virtual onde outras lojas poderão vender produtos na plataforma da empresa).

    Com a novidade, que chega no terceiro trimestre, o GPA passará a oferecer categorias com as quais não trabalha hoje em dia, como livros, suplementos, móveis e brinquedos. Mais de 20 parcerias já foram fechadas, segundo o grupo.

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