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    Países desenvolvidos não têm interesse em eliminar a fome no mundo, diz professor

    À CNN Rádio, Thiago Lima avaliou que a questão da fome é agravada pela situação da guerra na Ucrânia

    O professor Thiago Lima avalia que “países em desenvolvimento não têm interesse em eliminar a fome no mundo"
    O professor Thiago Lima avalia que “países em desenvolvimento não têm interesse em eliminar a fome no mundo" Foto: Divulgação

    Amanda Garcia

    O secretário-geral da ONU Antonio Guterres fez um alerta de que a guerra na Ucrânia ameaça criar uma onda sem precedentes de fome, com caos econômico e social à beira de acontecer.

    Na avaliação do professor de Relações Internacionais coordenador do Grupo de Pesquisa sobre Fome da Universidade Federal da Paraíba, Thiago Lima, a questão da fome é anterior à guerra e mesmo à pandemia.

    “A crise que vivemos hoje e que provavelmente viveremos nos próximos anos já vinha numa ascensão decorrentes de diferentes fatores”, disse, à CNN Rádio.

    De acordo com ele, “países desenvolvidos não têm interesse em eliminar a fome no mundo.”

    “As grandes potências possuem estoques de alimentos que poderiam ser mobilizados, mas é uma questão não só de olharmos a guerra, mas o contexto global.”

    Como exemplo, o professor contou que os Estados Unidos forneceram 40 bilhões de dólares para armamentos na Ucrânia e, em contrapartida, 600 milhões de dólares para o combate à fome.

    “Não há interesse real em eliminar o problema e não é de agora, países em desenvolvimento fazem espécie de ‘gestão da fome’, para que ela não torne um problema mais grave do que a fome em si.”

    Thiago afirmou que o que poderia ser feito é “usar bilhões de dólares para estimular o aumento da produção de alimentos em países mais pobres, mas isso não é do interesse dos desenvolvidos porque são grandes exportadores agrícolas e perderiam mercados.”

    Em relação à guerra na Ucrânia, o professor vê o imbróglio sobre a produção de grãos como algo “difícil de ser desfeito nos próximos dias.”

    Isso porque “além de ser um problema comercial, é geopolítico, os grãos da Ucrânia deveriam ser exportados pelo Mar Negro, que está minado, cheio de navios de guerra para impedir a invasão russa”.

    *Com produção de Isabel Campos