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    Original diz estar capitalizado para ir às compras e mira corretora

    Segundo Alexandre Abreu, CEO do Banco Original, setor de fintechs está próximo de um momento de consolidações, e o banco não quer ficar para trás

    Foto: Divulgação / Banco Original

    André Jankavski, do CNN Brasil Business

    A cada dia que passa, mais notícias de fusões e aquisições alimentam os noticiários. Apenas nas últimas semanas, Carrefour comprou a operação do Big e Grupo Soma adquiriu a Hering. No setor financeiro não é diferente – BTG Pactual, Magazine Luiza e Nubank foram às compras nos últimos tempos e adquiriram importantes fintechs. Para Alexandre Abreu, CEO do Banco Original, esse é apenas o início de um movimento de consolidação no setor.

    “Enxergo um processo de consolidação nesse mercado, como houve no mercado tradicional. Vão ficar aqueles que tiverem o melhor posicionamento”, diz Abreu. Isso quer dizer que o Original vai fazer parte daqueles que vão comprar ou daqueles que serão comprados? “A resposta é que estamos preparados para comprar e a decisão é do acionista. Se ele desejar, estamos com a capitalização bastante robusta.”

    Portanto, o Banco Original não quer ser coadjuvante nessa área. Na verdade, já está de olho em alguns ativos, como, por exemplo, numa corretora de investimentos. Seria o último passo da companhia, segundo Abreu, para se tornar um banco efetivamente completo. Se antes o Original queria ser mais um concorrente de peso dentro do universo de fintechs, agora quer até prestar serviço para elas.

    Na verdade, isso já está acontecendo. Hoje, boa parte do faturamento da empresa já vem dessas parcerias. Um exemplo é o segmento de cartões, onde 25% do faturamento da empresa já vem de não correntistas. Quer dizer, eles vêm do PicPay, que também é uma empresa do grupo J&F – que controla o Original –, mas não deixam de ser terceiros. Para Abreu, a ideia é ampliar ainda mais esses números.

    Alexandre Abreu, Original
    Alexandre Abreu, CEO do Banco Original
    Foto: Original/Divulgação

    “Eu plugo o meu cartão e meu empréstimo em qualquer empresa. Somos agnósticos. O importante é ter usuário usando o meu produto”, diz ele.

    Hoje, segundo o Original, já são mais de 60 fintechs parceiras. Chamado de Bank as a Service (BaaS), o modelo é uma das frentes que a empresa quer atacar para crescer. O primeiro –e mais consolidado– é o de atacado. “Esse é a nossa fortaleza, pois nascemos para trabalhar no agronegócio com os clientes da JBS”, diz Abreu.

    O segundo é o varejo bancário, em que a empresa ainda não conseguiu ter os mesmos números de outras instituições, como o Nubank, Neon e Inter. Porém, ao contrário dos principais concorrentes, o Original não quer ser visto como um banco gratuito. Desde o primeiro momento de contato com o cliente, a empresa admite que cobra tarifas e assim vai continuar sendo.

    “O Original está apostando muito nos desbancarizados, principalmente por meio da parceria com o PicPay, que tem uma penetração bem mais alta”, diz Renato Mendes, professor do Insper e especialista em startups. “A empresa também se posicionou bastante na aposta em tecnologia e em virar um importante prestador de serviços para o setor como um todo.”

    Somente no ano passado, a empresa investiu R$ 223 milhões em tecnologia, 42% a mais do que em 2019. No início, o setor de tecnologia era terceirizado dentro da empresa. Mas, agora, é uma área que pretende criar diferenciais para que o Original conquiste a clientela se colocando como um banco mais completo do que os concorrentes. 

    “O cliente vai ficar no lugar que ele pode resolver tudo em vez de ter conta em dois ou três bancos”, afirma Luiz Giacomini, diretor de Relações com os Investidores do Original, e que possui conta em 14 bancos diferentes – já foram 16, segundo ele. Tudo isso para testar os produtos da concorrência.

    2020 positivo

    O Banco Original é uma das empresas que têm o que comemorar em 2020, segundo o executivo. No segundo semestre do ano passado, a companhia teve um prejuízo de R$ 29 milhões. Perdas, é verdade, mas bem menores do que as registradas de janeiro a junho, que chegaram a R$ 220 milhões. O resultado foi acima das expectativas iniciais dos próprios executivos.

    Além disso, a companhia também registrou um caixa positivo no período, de R$ 61 milhões –quase 50% acima do previsto no ano passado.

    A instituição encerrou 2020 com 4,1 milhões de clientes, 36% maior do que o número registrado no ano anterior. A título de comparação, o Nubank possui quase 40 milhões e o Inter, 10 milhões.

    Para aumentar esse número, o Original também está mirando as contas de empresas, área em que estreou no fim do ano passado. Atualmente, conta com um pouco mais de 3.000 correntistas nessa área, mas já está mapeando quase 200 mil clientes.

    No geral, o banco tem R$ 3,7 bilhões em caixa e um patrimônio líquido próximo de R$ 2 bilhões. Por agora, a empresa está bem capitalizada, segundo Abreu. A ideia é que, a partir do ano que vem, a instituição esteja autossuficiente de capital.

    Mas, assim como o “irmão” PicPay, o Original pode estar próximo de um IPO? “Entre o final de 2021 e o começo de 2022, se o mercado estiver positivo e o acionista controlador quiser, podemos ir para o IPO”, diz Abreu.