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    OPEP e Rússia dividem-se sobre necessidade atual de petróleo

    Produtores haviam acordado previamente em aumentar a produção em 500 mil barris por dia em janeiro

    Por Charles Riley e Chris Liakos, da CNN Business, de Londres

    Um grupo de grandes produtores de petróleo, incluindo a Arábia Saudita e a Rússia, está em um impasse sobre aumentar a produção enquanto a pandemia força algumas economias de volta aos lockdowns e os governos lutam para distribuir vacinas.

    Em uma reunião na segunda-feira (4), a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e produtores aliados não chegaram a um acordo sobre os níveis de produção para fevereiro. Outra rodada de discussões estava agendada para terça-feira, (5) segundo uma declaração.

    Os produtores haviam acordado previamente em aumentar a produção em 500 mil barris por dia em janeiro, relaxando ligeiramente as pesadas restrições ao fornecimento que foram impostas no ano passado, depois que os lockdowns do coronavírus e as proibições de viagens reduziram a demanda por energia.

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    Mas novas variantes do coronavírus que parecem ser mais transmissíveis foram detectadas em muitas das maiores economias do mundo, aumentando o temor de que os governos sejam forçados a impor restrições às viagens e à vida pública.

    Na segunda-feira (4), o primeiro-ministro Boris Johnson ordenou que o Reino Unido voltasse a um lockdown severo na esperança de evitar que o sistema de saúde do país fosse sobrecarregado. A Alemanha também está considerando estender seu lockdown.

    Além disso, há preocupações sobre o ritmo de distribuição das vacinas. Mesmo em países que conseguiram acesso antecipado às doses, incluindo os Estados Unidos e o Reino Unido, a demora para vacinar as pessoas mais vulneráveis está maior do que o esperado.

    A maioria dos países do grupo da OPEP apoia a rolagem dos níveis de produção de janeiro, mas a Rússia é a favor de outro aumento de mais 500 mil barris por dia, segundo contou uma fonte da OPEP à CNN Business na terça-feira, (5).

    O preço do petróleo tipo Brent, referência global, caiu 1,4% na segunda-feira, com os traders reagindo ao desacordo. Na terça, algumas dessas perdas foram recuperadas, com o preço em torno de US$ 51,60 o barril.

    O príncipe Abdulaziz bin Salman, ministro da Energia da Arábia Saudita, pediu cautela na segunda-feira, dizendo aos participantes que o “nível de incerteza no mundo continua alto” e que uma nova onda de restrições às atividades pode prejudicar a demanda por combustíveis para transporte. 

    “Eu apelo a vocês hoje a não dar como certo o progresso que fizemos como grupo no ano passado”, afirmou o príncipe em seu discurso de abertura. “Não coloquem em risco tudo o que conquistamos em prol de um benefício instantâneo, mas ilusório”.

    O vice-primeiro-ministro russo, Alexander Novak, disse a repórteres no mês passado que pressionaria por um aumento de 500 mil barris por dia em fevereiro, de acordo com comentários relatados pela Reuters. Ele também disse que Moscou vê um preço entre US$ 45 e US$ 55 por barril como ideal.

    Louise Dickson, analista de mercados de petróleo da Rystad Energy, disse que duas facções claras surgiram dentro do grupo da OPEP.

    “A divisão é um golpe para a aliança, levantando novamente a questão de se seus membros, com agendas e estruturas de produção muito diferentes, podem continuar a trabalhar juntos”, pontuou Dickson. “Mas, na maioria das vezes, um acordo é fechado no final”.

    A última vez que o grupo se dividiu, em março, uma breve mas intensa batalha por participação de mercado ocorreu entre a Arábia Saudita e a Rússia, que fez os preços do petróleo despencarem.

    Agora, aumentar a produção em face da demanda fraca pode causar queda nos preços. No entanto, alguns dos produtores do grupo estão preocupados em ceder a participação de mercado a rivais, incluindo produtores de xisto dos EUA. Dickson disse que esses temores são provavelmente exagerados.

    “Um mês de produção mais contida da OPEP não fará desequilibrar a balança a ponto de o cartel ser incapaz de recuperar o investimento por causa do xisto nesse período”, afirmou a analista em nota de pesquisa.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês).