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    OCDE eleva previsão para crescimento do PIB do Brasil a 1,7% em 2023

    Para 2024, a organização elevou a previsão de 1,1% para 1,2%

    No entanto, a tendência é de moderação no ritmo de expansão do PIB, à medida que taxas de juros restritivas e fraco crescimento do crédito limitam a demanda doméstica
    No entanto, a tendência é de moderação no ritmo de expansão do PIB, à medida que taxas de juros restritivas e fraco crescimento do crédito limitam a demanda doméstica Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

    Laís Adriana, do Estadão Conteúdo

    A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) elevou as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2023 e 2024, seguindo impulso forte da produção agrícola no primeiro trimestre deste ano.

    No entanto, a tendência é de moderação no ritmo de expansão do PIB, à medida que taxas de juros restritivas e fraco crescimento do crédito limitam a demanda doméstica.

    A análise faz parte do relatório interino de perspectivas econômicas da OCDE, divulgado nesta quarta-feira (7).

    Nele, a organização informou que elevou a projeção de crescimento do PIB brasileiro de 1,0% para 1,7% em 2023, enquanto a previsão para o próximo ano passou de 1,1% para 1,2%.

    Os números ainda representam uma desaceleração em comparação a 2022, quando a atividade econômica do país cresceu 3,0%, segundo o relatório. A OCDE analisa que este movimento ocorre devido ao consumo privado e às exportações mais fracas neste ano.

    No caso do consumo doméstico, a atividade deve ser limitada pelo baixo crescimento de empregos, inflação alta e condições de crédito restritivo. Já as exportações serão afetadas por preços menores das commodities e demanda global reduzida, enquanto o investimento privado deve crescer em ritmo mais lento, avalia a OCDE.

    A organização projeta que a inflação deve permanecer acima da meta definida pelo Banco Central do Brasil, o intervalo de 1,75% a 3,75%, em 2023, levando os dirigentes a manter a taxa Selic em 13,75% até pelo menos o terceiro trimestre deste ano.

    Porém, essas condições devem reduzir de forma sustentada o núcleo da inflação, permitindo cortes nas taxas brasileiras ainda em 2023, conforme o relatório.

    Em relação a pares globais, a OCDE destaca que a recuperação da atividade econômica no Brasil acompanhou a de outras economias, como China, Índia e Japão.

    Sobre o fluxo de investimento privado, a organização nota que o investimento estrangeiro direto permaneceu amplo o suficiente para cobrir déficits em contas correntes do Brasil e de diversos outros países latinos, apesar de demonstrar queda de 35% nas economias emergentes do G20 em 2022.

    Reformas políticas

    O relatório pontuou que reformas políticas, como a adoção da regra fiscal e da reforma tributária, poderiam ter efeitos positivos e mais fortes do que o esperado sobre a atividade econômica no Brasil.

    Além disso, a OCDE defende que incentivos para o setor de agricultura e combate ao desmatamento ilegal ajudariam a tornar este crescimento mais sustentável.

    A organização detalha que implementar com sucesso as novas regras fiscais poderiam “aumentar a confiança nas finanças públicas e sustentar investimento mais forte”, ao estabelecer uma estrutura “crível” no médio prazo.

    Já a aprovação e adoção da reforma tributária ainda neste ano teria potencial de impulsionar a produtividade no país.

    “Uma melhor gestão do investimento em infraestruturas públicas, a simplificação dos impostos indiretos e transferências sociais mais eficazes podem impulsionar o crescimento e a inclusão social, ao mesmo tempo que melhoram as finanças públicas”, conclui a OCDE.

    OCDE eleva previsão para crescimento do PIB global em 2023, mas alerta sobre recuperação fraca

    Ainda, a OCDE elevou ligeiramente sua projeção para o crescimento do PIB global em 2023 (de 2,6% para 2,7%), porém manteve a previsão de avanço de 2,9% em 2024.

    A organização alega que a recuperação global deve ser fraca em comparação a padrões vistos no passado, apesar do declínio na inflação, arrefecimento de gargalos na oferta e reabertura da China.

    No documento, a OCDE aponta que autoridades devem “agir de maneira decisiva na macroeconomia” para fortalecer o crescimento econômico sustentável. Este será um desafio no cenário de inflação ainda persistente, níveis de endividamento público elevados e produção em potencial baixa.

    O relatório projeta que a taxa anual da inflação ao consumidor nas economias do G20 deve reduzir de 7,8% em 2022 para 6,1% neste ano, baixando a 4,7% em 2024 – quando os efeitos do aperto monetário de bancos centrais devem ser sentidos de maneira “completa”.

    Na maior parte das economias avançadas, o núcleo da inflação deve continuar persistente e retornar gradualmente à meta dos BCs apenas no final de 2024.

    Além da inflação, outros riscos continuam provocando incertezas sobre as perspectivas econômicas e criando pressão de baixa nas projeções da OCDE, alerta o relatório.

    Entre eles, a organização destaca: o aperto monetário de BCs para combater a alta inflação; possibilidade de novos estresses no setor financeiro; incertezas sobre o rumo da guerra na Ucrânia; e expansão nas tensões geopolíticas, que têm bloqueado fluxos de comércio globais.

    Uma solução seria a cooperação internacional entre diversos países, pondera a OCDE.

    “Em um mundo interconectado, os países precisam encontrar maneiras de garantir que atritos em algumas áreas não impeçam o progresso em questões de interesse comum, incluindo mitigação da mudança climática, mercados abertos, segurança econômica e resposta a pandemias”, avalia.

    OCDE projeta que Fed deixará juros no pico até o segundo semestre de 2024

    Por fim, avalia que a taxa de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deve ser elevada em 25 pontos-base nos próximos meses.

    Conforme as projeções da organização, após esse aumento, os juros devem permanecer no pico até o segundo semestre de 2024, quando começam a ser reduzidos.

    “O governo federal atingiu o limite de endividamento de US$ 31,4 trilhões em janeiro e o Tesouro posteriormente promulgou ‘medidas extraordinárias’ para cumprir obrigações financeiras. Um acordo recente para suspender o limite da dívida até 2025 e limitar os gastos discricionários nos próximos dois anos deverá reduzir os gastos do governo em 0,2% do PIB em 2024”, informa o relatório.

    A projeção é que o PIB americano real cresça 1,6% em 2023 e 1,0% em 2024.

    “A expectativa é que o emprego caia e a taxa de desemprego suba gradualmente para 4,5% em 2024. Com o aperto do mercado diminuindo, o crescimento salarial deve moderar, levando a um declínio gradual na inflação de serviços. No entanto, o núcleo da inflação não deve retornar ao redor da meta de 2% do Federal Reserve antes do final de 2024”, avalia a OCDE.