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    O que esperar do relatório de emprego dos EUA nesta sexta-feira

    Documento está entre principais dados econômicos que autoridades do Fed revisarão quando se reunirem no início de novembro para discutir como sufocar inflação

    Alicia Wallacedo CNN Business

    Quando o Bureau of Labor Statistics (Escritório de Estatísticas do Trabalho) dos Estados Unidos divulgar seu último relatório mensal de empregos nesta sexta-feira (7), todos os olhos estarão sobre se o mercado de trabalho está mostrando sinais de afrouxamento – um dos muitos fatores cruciais que ajudarão o Federal Reserve (Fed- banco central dos EUA) a determinar seus próximos passos em sua luta contra maior inflação de décadas.

    A economia dos EUA deverá ter criado 250 mil empregos em setembro, o que seria o menor ganho mensal de empregos desde dezembro de 2020. A taxa de desemprego deve se manter estável em 3,7%, segundo estimativas da Refinitiv.

    Os dados de empregos de agosto já indicavam que o mercado de trabalho historicamente apertado se afrouxou um pouco. O relatório de empregos daquele mês descobriu que os Estados Unidos adicionaram 315 mil posições, um nível muito inferior ao ganho médio de 512 mil empregos nos últimos 12 meses.

    O número de vagas em aberto também caiu, reduzindo 1,1 milhão, a maior queda mensal fora da pandemia, de acordo com a Pesquisa de Vagas e Rotatividade de Trabalho divulgada na terça-feira (4).

    Embora os primeiros pedidos de auxílio-desemprego semanais estivessem na mínima de quatro meses, os pedidos voltaram a subir nesta semana. Os pedidos iniciais de seguro-desemprego totalizaram 219 mil na semana encerrada em 1º de outubro, um aumento de 29 mil, ou 15%, em relação ao nível revisado da semana passada de 190 mil, de acordo com novos dados divulgados na manhã de quinta-feira (6) pelo Departamento do Trabalho.

    Os números de pedidos de seguro-desemprego iniciais semanais são preliminares e muitas vezes sujeitos a revisões significativas. Os pedidos contínuos para a semana encerrada em 24 de setembro foram de 1,36 milhão, um aumento de 15 mil em relação ao nível revisado da semana anterior.

    Os cortes de empregos estão aumentando nos últimos meses, de acordo com o último relatório da empresa de recolocação Challenger, Gray & Christmas. Em setembro, as empresas americanas anunciaram planos para cortar 29.989 empregos, um aumento de 46% em relação a agosto e quase 68% maior do que no ano passado. O setor de varejo foi responsável por quase um terço dos cortes, disse Challenger.

    “Algumas rachaduras começam a aparecer no mercado de trabalho. As contratações estão diminuindo e os eventos de cortes estão começando a ocorrer”, disse Andrew Challenger, vice-presidente sênior da Challenger, Gray & Christmas, em comunicado.

    O relatório de emprego de setembro também deve revelar que o crescimento médio do salário por hora desacelerou para 5,1% em setembro, ante 5,2% em agosto. O Fed está observando de perto se uma desaceleração na demanda por trabalhadores também reduzirá o crescimento salarial ou se os ganhos salariais permanecem altos, mantendo a pressão ascendente sobre a inflação.

    Lento processo

    A meta do Fed de alcançar um pouso suave – esfriando a demanda para aliviar a inflação sem congelar a economia em recessão – tornou-se cada vez mais irreal.

    Como resultado, o Fed mudou para uma abordagem “sem dor, sem ganho” em sua batalha contra a inflação, o que pode significar que a taxa de desemprego suba de 3,7% para pelo menos 4,4% até o final do próximo ano, de acordo com projeções do banco central.

    Supondo que não haja mudança no número de pessoas que participam da força de trabalho, um salto no desemprego resultaria em pelo menos 1,2 milhão de trabalhadores perdendo seus empregos, de acordo com cálculos do CNN Business com dados do BLS.

    Mesmo que mais trabalhadores se juntem à força de trabalho, pode não ser suficiente para equilibrar isso, alertam os economistas. “Seria ótimo se tivéssemos esse pouso suave e as vagas [de emprego] resolvessem e as expectativas de inflação fizessem todo o trabalho e houvesse muito pouca dor econômica”, disse Alex Pelle, economista americano da Mizuho Securities. “Isso é certamente possível, mas não acho que seja o resultado provável.”

    Apesar da demanda persistente e altíssima por trabalhadores – especialmente em indústrias prejudicadas pela pandemia e pela forte recuperação que se seguiu – as taxas de participação da força de trabalho permaneceram teimosamente abaixo dos níveis pré-pandemia.

    Isso se deve principalmente às tendências demográficas em andamento, incluindo a enorme geração Baby Boomer que está saindo da força de trabalho, a aceleração das aposentadorias durante a pandemia e outros que ficam à margem por motivos como cuidados, saúde e políticas restritivas de imigração.

    A taxa de desemprego provavelmente terá que aumentar apesar dessas pressões demográficas descendentes, e isso provavelmente teria que vir de pessoas perdendo seus empregos.

    “Realmente pode ser um processo lento”, disse Pelle. “Não vai ser um trabalho feliz. Não vai ser indolor.”

    O relatório de empregos de setembro está entre os principais dados econômicos que as autoridades do Fed revisarão quando se reunirem no início de novembro para discutir como sufocar a inflação teimosamente alta. Até agora, o Fed tem lutado contra a alta dos preços implementando uma série de aumentos de juros punitivamente altos.

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