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    Nuvens na bola de cristal: Apostas de Warren Buffet decepcionam em 2020

    O megainvestidor tem desfeito sua posição em algumas empresas tradicionais, o que evitou um tombo maior

    Raphael Coraccini, colaboração para o CNN Brasil Business

    A visão quase sempre assertiva de Warren Buffet parece que ficou turva, ao menos ao longo do ano que passou.

    Apenas 12 ações das mais de 40 da carteira da Berkshire Hathaway (BH) fecharam o ano com resultado superior aos 15,5% de valorização do índice S&P 500, segundo levantamento do portal especializado Investor’s Business Daily.

    A própria BH, da qual o bilionário é CEO, fechou o ano com uma discreta alta de 2,37%, 13 pontos percentuais abaixo da média do índice de referência. O desempenho está relacionado principalmente aos maus resultados do setor bancário, que recebe a maior parte dos investimentos de Buffet e sua empresa.

    O pior tombo entre os maiores investimentos da BH foi o do Wells Fargo, banco de crédito pessoal que registrou queda de 43,9% no valor das ações ao longo de 2020. Em seguida, o U.S. Bancorp, com queda de 21,42%. O Bank of New York Mellon teve queda de 15,68%. Já o Bank of America, que é dono do maior investimento da Berkshire Hathaway, registrou queda de 13,94% ao longo do ano. O American Express, piora de 2,88%.

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    O desempenho ruim de Buffet em 2020 está relacionado aos problemas da economia real, à política de juros dos bancos centrais, além da dificuldade de acertar o alvo no setor de tecnologia, destaca Guilherme Zanin, estrategista na Avenue investimentos: 

    “Buffet está exposto por conta da aposta em setores tradicionais e por ter colocado menos posição em tecnologia e biotecnologia, que foram os grandes vencedores de 2020”, diz.

    O especialista destaca, porém, que o megainvestidor tem desfeito sua posição em algumas empresas tradicionais, o que evitou um tombo maior. É o caso da Wells Fargo, da qual a Berkshire abriu mão de 46% da sua participação no terceiro trimestre.

    A mudança de portfólio em 2020 foi lenta, mas demonstrou alguns acertos, como a compra de participação na Snowflake, que experimentou uma valorização de 150% e é a responsável pela maior alta na carteira da Berkshire, que agora detém 12% das ações da empresa de processamento em nuvem.

    Tecnologia

    Das 12 ações de Buffett que ultrapassaram o S&P 500, quatro são do setor de tecnologia da informação. A Apple é a que mais trouxe retorno quando o assunto é volume de dinheiro. A valorização de 84% da empresa rendeu 58 bilhões de dólares para a BH ao longo de 2020.

    A vitória da Apple é especialmente importante para Buffet porque a empresa representa 48% do total de investimentos da Berkshire nos Estados Unidos. Outra empresa de destaque é a brasileira Stone, de meios de pagamento, que entrou para o portfólio do multibilionário em 2018. A empresa registrou alta de 108,3% ao longo do ano que passou.

    Zanin destaca que o desempenho de Buffet poderia ter sido melhor mesmo com o resultado negativo dos bancos se o bilionário tivesse optado por algumas sensações do setor de tecnologia e biotecnologia. A Tesla, por exemplo, que entrou no índice no meio de dezembro, teve uma valorização acima dos 700%, o que fez da Apple, a grande aposta de Buffet, um vencedor marginal na briga entre as big techs.

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