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    Novo coronavírus é o maior teste da equipe de Guedes

    Epidemia deve reduzir o consumo, afetar a produção e pode contaminar o sistema financeiro

    Raquel Landimda CNN

    Ministro da Economia, Paulo Guedes (09.mar.2020); para conter impactos econômicos do efeito coronavírus, Guedes anuncia medidas como liberação de saque do FGTS e suspensão de impostos a empresas em dificuldade 

    O governo brasileiro está envolvido na preparação de um pacote de medidas para combater os efeitos da epidemia do novo coronavírus que se alastra pelo país. As providências visam preparar o sistema de saúde –a prioridade neste momento– mas também minimizar os efeitos para a economia.

    Se os prognósticos se confirmarem, será um dos desafios mais complicados que o Brasil já enfrentou, apenas parcialmente comparável à crise global de 2008, detonada após a quebra do banco Lehman Brothers nos Estados Unidos.

    O Brasil tem pouquíssimos profissionais experimentados nesse tipo de crise. O ministro Paulo Guedes e sua equipe, portanto, estão diante do maior teste que já enfrentaram no governo até agora. Talvez seja o maior desafio de suas carreiras.

    A experiência de países onde a epidemia está em estágio avançado aponta que o novo coronavírus pode provocar três tipos de choques na economia. O primeiro é um choque de demanda: as pessoas param de viajar de avião, evitam hotéis, lojas ficam fechadas, eventos são cancelados. Tudo isso é dinheiro que deixou de ser gasto e não circulou.

    O segundo é um choque de oferta: à medida que fábricas forem paralisadas por aqui para evitar o contágio entre trabalhadores, a produção industrial vai cair substancialmente. Esse efeito já vem sendo parcialmente sentido no Brasil graças à integração das cadeias produtivas globais, mas o impacto ainda é muito pequeno.  

    O terceiro é um choque financeiro: com a aversão ao risco, o dólar dispara, as bolsas caem e pode começar a faltar dinheiro para bancos pequenos e médios. Na crise de 2008, o canal do crédito foi rapidamente comprometido. Agora tende a demorar um pouco mais, porque o sistema financeiro está sólido.

    Na sexta-feira (13), Guedes disse que, entre as medidas em estudo, estão crédito extra para o sistema de saúde, liberação de mais saques do FGTS, suspensão de impostos para empresas em dificuldades e reforço na atuação dos bancos públicos. Soma-se a isso também o possível corte de juros pelo Banco Central na próxima quarta-feira.

    Economistas afirmam que as medidas parecem ir na direção correta, mas dizem que o Brasil terá mais dificuldades para reagir à crise do que em 2008. A economia vinha desacelerando antes da chegada do vírus, pipocavam críticas contra a equipe econômica pelo atraso nas reformas, e não há espaço fiscal para incrementar os investimentos públicos, que estão praticamente paralisados.

    Além disso, existe uma dificuldade extra que ficou muito evidente nos últimos dias e alarmou o mercado financeiro: o embate entre Executivo e Legislativo. “Quando os deputados e o presidente não se entendem, a capacidade de reação do governo fica comprometida”, diz Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central.

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