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    No Senado, ex-presidente do Banco Central critica projeto de marco fiscal

    Armínio Fraga diz que proposta não se sustenta ao se basear somente no aumento da receita

    Arminio Fraga em sessão de debate "Juros, Inflação e Crescimento" no Senado Federal
    Arminio Fraga em sessão de debate "Juros, Inflação e Crescimento" no Senado Federal Edilson Rodrigues/Agência Senado

    Samantha Kleinda CNN

    O economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central entre 1999 a 2002, disse nesta quinta-feira (27) que a “aritmética” da proposta de novo marco fiscal, que tramita no Congresso Nacional, não fecha. A manifestação ocorreu em sessão de debates temáticos “juros, inflação e crescimento” do Senado.

    A proposta de nova regra fiscal, em substituição ao atual teto de gastos, prevê que as despesas do governo federal não poderão crescer acima de 70% do aumento da receita. Com isso, o avanço das despesas depende diretamente do aumento da arrecadação.

    O plano ainda estabelece metas de superávit primário. A ideia é de que o governo tenha déficit primário zero em 2024, superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 e de 1% em 2026.

    “A aritmética não fecha, gente. Infelizmente, não é suficiente zerar o déficit primário, porque zerando o primário significa que vamos estar tomando dinheiro emprestado para pagar o juro direto, e o juro é esse que a gente conhece. Então é fundamental caminhar na direção de um saldo primário maior. A aritmética simplesmente não fecha”, disse na tribuna.

    Um dos economistas mais requisitados do país, Armínio Fraga ainda disse que outros pontos do arcabouço fiscal devem ser discutidos, “mas esse é o mais básico”. O ex-presidente da autoridade monetária ainda ressaltou que as receitas não podem crescer indefinidamente.

    Além disso, ressaltou que os gastos públicos precisam ser revisados, citando o alto comprometimento de recursos públicos com folha de pagamento e custos com a Previdência.

    “Vejo como imensa a necessidade de se revisitar as prioridades do gasto público no Brasil. Acho que o ajuste necessário, portanto, é muito maior do que com um primário de 3% do PIB ou eventualmente até mais. Então, primeiro, o ajuste necessário é maior que o ajuste fiscal”, completou.

    Fraga ainda lembrou que esteve engajado na campanha pela democracia em 2022, com apoio à eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O economista já fez recentemente críticas ao aumento de gastos públicos do governo federal.

    “Se o ano passado foi o ano da democracia, acredito que este é o ano da economia. Do jeito que as coisas andam, estamos arriscados a desembocar num grande fiasco e já, daqui a pouco, abrirmos outra vez a discussão sobre a nossa democracia”.

    Também participantes do debate, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra Simone Tebet, do Planejamento, que falaram antes de Armínio Fraga, defenderam a união entre o atendimento à população mais necessitada e o ajuste fiscal. Para isso, defenderam a aprovação do novo arcabouço fiscal.

    Haddad ainda reforçou que os “jabutis tributários”, como vem nomeando cerca de R$ 600 bilhões em renúncias fiscais, devem ser combatidos. E para isso, medidas fiscais para aumentar a receita estão em elaboração pelo Ministério da Fazenda.