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    No maior nível desde maio, bitcoin vive recuperação, dizem especialistas; entenda

    Maior criptomoeda do mundo tem se recuperado de baixas após regulações da China e de outros países

    João Pedro Malardo CNN Brasil Business* , em São Paulo

    O bitcoin não apenas chegou a US$ 50 mil na última segunda-feira (5) pela primeira vez em um mês como também supera os US$ 54 mil nesta terça-feira (6), atingindo a sua maior cotação desde maio de 2021.

    O site CryptoWatch, que agrega a cotação do bitcoin considerando os diversos locais de negociação, colocava a cotação da criptomoeda a US$ 54.684 por volta das 14h25, representando uma alta de 8,95% em relação ao dia anterior.

    O movimento ocorre após a mais recente tendência de queda, iniciada em setembro, em meio a ações de governos ao redor do mundo contra o setor de criptomoedas como um todo. Por ser a criptomoeda mais negociada, o bitcoin acaba sendo especialmente afetado.

    Bernardo Teixeira, diretor financeiro do Grupo Ripio, que engloba as exchanges de criptomoedas Ripio e BitcoinTrade, avalia que o movimento de recuperação do bitcoin começou na semana passada, quando Gary Gensler, presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês) disse que o país não pretende banir as criptomoedas, algo que ele reforçou na terça-feira.

    “Existe também toda uma questão de análise de gráfico, que indica um retorno ao patamar de US$ 60 mil”, afirma Teixeira.

    Ele também cita o cenário de forte inflação em diversos países, com políticas monetárias fortes, o que aumenta a busca pelo bitcoin.

    “O volume de contratos futuros do bitcoin também subiu bastante, então pode indicar uma volta de investidores”, diz.

    Ele ressalta que não existe garantia que o movimento continuará, devido à volatilidade do bitcoin dependendo de novos acontecimentos, mas que “o sentimento hoje é muito bom”.

    Para Teixeira, um fator importante que pode animar mais o setor, e levar o bitcoin a novas máximas, é a possibilidade de permissão pela SEC para a negociação de ETFs (fundos de índice negociados na bolsa, em tradução livre) baseados no bticoin, algo que já existe no Brasil.

    “A visão é que, pelo Gensler ser bem técnico, entender que o bitcoin não é um bem mobiliário, poderia ser favorável a liberar o ETF. Seria um incentivo dos EUA para trazer o bitcoin para dentro, incluir em suas regulações, e o ETF é essencial para isso, se não aprovar, o bitcoin vai para fora”, diz.

    Para a Binance Research, área de pesquisa de uma das maiores exchanges de criptomoedas do mundo, o mercado do bitcoin entrou em setembro num “período de recuperação da pressão por vendas”.

    “Os catalisadores [dessa pressão] foram autoridades governamentais reprimindo as criptomoedas”, afirma um relatório. A empresa cita ações da Turquia, em 18 de setembro, Rússia, em 19 de setembro, e, principalmente, da China, em 24 de setembro.

    O governo chinês proibiu a realização de qualquer transação envolvendo criptomoedas no país, assim como a sua mineração. A China é um dos principais mercados de criptomoedas, assim como um grande centro de mineração, o processo de obtenção desses ativos.

    Dados da Universidade de Cambridge apontam que, em março de 2021, a China foi responsável por 46% de toda a mineração mundial de criptomoedas.

    O país já tinha tomado outras medidas de regulação, que afetaram o setor, citando o caráter especulativo dos ativos e o impacto ambiental da mineração.

    Entretanto, Teixeira afirma que “quem está por dentro da indústria sempre achou que não era algo que realmente fosse impactar, era um ruído, porque a China já baniu o bitcoin outras vezes, só reforçou isso, o que mais impactou foi o banimento de mineração no começo do ano”.

    Para a Binance, o bitcoin mostrava uma “tendência de alta em geral” antes das ações dos governos em setembro. Do fim de julho até o começo de setembro, a criptomoeda subiu de US$ 29,3 mil para US$ 52,8 mil, quando começou a cair.

    “A regulamentação sempre foi e sempre será um fator de formação de preço, se vier uma regulamentação pró-Bitcoin, o preço vai subir, porque a indústria quer ser regulada, mas da forma correta, mantendo o perfil aberto e inovador, mas dando mais segurança para o investidor. Se a regulamentação ocorre de forma correta, sobe, mas se for altamente restritiva, ou mais próxima à da China, a tendência é de cair”, diz o diretor financeiro.

    *Sob supervisão de Ligia Tuon

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