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    Netflix, Facebook e outras empresas se posicionam em meio aos protestos nos EUA

    Twitter, Nike e Disney são algumas das empresas que também fazem parte do grupo

    Protestos contra a morte de George Floyd, em frente ao capitólio em Washington, nos EUA
    Protestos contra a morte de George Floyd, em frente ao capitólio em Washington, nos EUA Foto: Kevin Lamarque/Reuters (1º.jun.2020)

    Michelle Toh,

    do CNN Business, em Hong Kong

    O Facebook está doando US$ 10 milhões para grupos que lutam contra a desigualdade racial, enquanto protestos em massa se espalham pelos Estados Unidos depois que um homem negro desarmado morreu nas mãos de um policial em Minneapolis, Minnesota.

    “Estamos com a comunidade negra”, escreveu o CEO Mark Zuckerberg em um post no Facebook domingo, 31 de maio, acrescentando a companhia de tecnologia do Vale do Silício a uma lista crescente de empresas que responderam aos protestos com condenações ao racismo, pedidos de soluções para a crescente discórdia no país e a promessa de abordar a diversidade e a inclusão em seus negócios.

    Twitter, Nike, Netflix e Disney são algumas das empresas que também fazem parte do grupo.

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    No entanto, Zuckerberg reconheceu que o Facebook precisa fazer mais para manter as pessoas seguras e evitar a promoção do preconceito, pois enfrenta um exame minucioso de como está lidando com as discussões online sobre os protestos.

    “Eu sei que US$ 10 milhões não podem consertar isso”, disse.

    As manifestações acontecem há uma semana nos Estados Unidos, iniciadas depois que um então policial de Minneapolis foi filmado ajoelhado sobre o pescoço de George Floyd. Derek Chauvin, o policial, foi demitido após o incidente.

    Desde então, Chauvin foi acusado de assassinato em terceiro grau, categoria existente no estado de Minnesota – mas os manifestantes estão pedindo uma punição mais forte, além de indiciamentos para os outros três policiais envolvidos.

    Muitos dizem que a morte de Floyd pôs a nu o tratamento desigual dado aos afro-americanos em todo o país.

    Nos últimos dias, alguns dos protestos se tornaram violentos, com manifestantes iniciando incêndios e saqueando empresas locais. Em resposta, pelo menos 40 cidades anunciaram toque de recolher, pedindo aos manifestantes que voltassem para casa.

    Facebook ‘precisa fazer mais’

    Zuckerberg disse em seu post que ele e sua esposa, Priscilla, apoiam organizações que trabalham contra o preconceito no sistema de justiça criminal há anos, dedicando cerca de US$ 40 milhões anualmente a essas iniciativas.

    Mas ele também admitiu que a empresa deve fazer mais. “Para ajudar nessa luta, eu sei que o Facebook precisa fazer mais para apoiar a igualdade e a segurança da comunidade negra por meio de nossas plataformas”, escreveu Zuckerberg, revelando estar “agradecido” pela publicação do vídeo da agressão sofrida por Floyd pela polícia no Facebook, “porque todos precisávamos ver isso”.

    “Mas é claro que o Facebook também tem mais trabalho a fazer para manter as pessoas seguras e garantir que nossos sistemas não amplifiquem o preconceito”, afirmou.

    Diferentemente do Twitter, por exemplo, o Facebook não colocou nenhuma etiqueta de aviso nas postagens do presidente Donald Trump ameaçando responder com tiros a eventuais “saques” em Minneapolis. Zuckerberg disse que sua empresa “leu isso como um aviso sobre a ação do Estado, e concluímos que as pessoas precisam saber quando o governo está planejando empregar força”.

    Enquanto isso, o Twitter recentemente adicionou o slogan “#BlackLivesMatter” (#vidasnegrasimportam) à sua biografia oficial e, no domingo, apresentou uma lista de contas para os usuários saberem mais sobre “grupos marginalizados”.

    “Diversifique seu feed”, sugeriu a empresa em um tweet. No início de 2020, o Twitter prometeu que as minorias sub-representadas formariam um quarto de sua força de trabalho nos EUA até 2025.

    Empresas se juntam ao coro clamando ‘vidas negras importam’

    Outras empresas também responderam à agitação, prometendo intensificar a questão.

    A startup de fitness Peloton anunciou no domingo, 31 de maio, que doaria US$ 500 mil ao fundo de defesa legal da NAACP para apoiar as comunidades negras. A NAACP, ou Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor, é uma importante organização de direitos civis nos Estados Unidos.

    “Vidas negras importam”, escreveu John Foley, CEO da Peloton, em uma mensagem aos usuários. “Esta semana, o que ficou claro para mim é que devemos garantir que esta seja uma organização antirracista”.

    Na sexta-feira, a Nike reverteu seu icônico slogan “Just Do It” em um vídeo online, dizendo: “Ao menos uma vez, não faça isso” (For Once, Don’t Do It”).

    “Não finja que não há problemas na América”, diz a mensagem. “Não dê as costas ao racismo. Não aceite que vidas inocentes sejam tiradas de nós. Não dê mais desculpas. Não pense que isso não afeta você. Não fique sentado e em silêncio.”

    Em um comunicado aos funcionários, o presidente do Conselho de Adminstração, o CEO e a diretora de diversidade da Disney prometeram intensificar seus esforços de inclusão, “para garantir que estamos promovendo uma cultura que reconhece os sentimentos e as dores de nossas pessoas”.

    “Embora esses incidentes devastadores não sejam novos, há algo único no que está acontecendo neste momento”, escreveram Bob Iger, Bob Chapek e Latondra Newton. “A pandemia, associada a essas injustiças recentes, colocou as questões da disparidade racial à luz do dia”.

    O CEO da Snap, Evan Spiegel, disse aos funcionários em um comunicado que está “de coração partido e enfurecido com o tratamento a pessoas negras e de cor nos Estados Unidos”.

    Na carta enviada ao CNN Business, ele criticou a desigualdade racial e de riqueza nos Estados Unidos. Spiegel disse que o governo deve criar um “sistema progressivo de imposto de renda” para que as grandes empresas paguem mais impostos, além de um imposto sobre imóveis “substancialmente mais alto”.

    “O empreendedorismo depende de as pessoas poderem correr riscos para iniciar um negócio, o que é quase impossível sem uma rede de segurança como a que eu tinha”, contou Spiegel.

    Ele também propôs uma ação da Comissão da Verdade, Reconciliação e Reparações (um grupo apartidário para aborda o racismo e paga reparações).

    “Há muito a aprender com aqueles que tiveram a coragem de empreender um processo semelhante após atrocidades em todo o mundo, e devemos refletir sobre os valores norte-americanos e ajudar nossa nação a fazer as mudanças necessárias e se curar”, afirmou Spiegel.

    Tim Cook, CEO da Apple, também compartilhou seus pensamentos em uma carta enviada aos colaboradores. Ele disse que ouviu funcionários dizerem que sentem “medo” em suas próprias comunidades por causa de eventos recentes e que a empresa “está criando vários grupos” para ajudar a combater a injustiça racial.

    Cook disse que a Apple “sempre tirou força da diversidade, acolheu pessoas de todas as esferas da vida em suas lojas em todo o mundo e se esforçou para construir uma empresa inclusiva para todos”.

    Além disso, observou que as pessoas “podem querer nada mais do que retornar à normalidade ou a um status quo que só é confortável se desviarmos o olhar da injustiça”, embora esse “desejo seja por si só um sinal de privilégio”.

    O CEO da Intel, Bob Swan, também se dirigiu a seus funcionários, escrevendo que “vidas negras importam. Ponto final.” Sua empresa também está doando US$ 1 milhão a organizações comunitárias focadas em combater a injustiça social.

    “Embora o racismo possa parecer muito diferente em todo o mundo, nenhum tipo de racismo será tolerado aqui na Intel ou em nossas comunidades”, disse Swan.

    A Levi’s divulgou na segunda-feira, 1º de junho, em sua conta do Instagram, a doação de US$ 100 mil para a ACLU (União Americana pelas Liberdades Civis). A Verizon também anunciou que estava doando um total de US$ 10 milhões para várias organizações de justiça social, incluindo a National Urban League e a NAACP.

    Nem todos os comentários foram bem recebidos.

    A NFL, a liga de futebol americano dos EUA, foi ferozmente criticada depois de abordar as mortes de Floyd, Breonna Taylor e Ahmaud Arbery no sábado, dia 30.

    O comissário Roger Goodell disse em comunicado que “as reações dos manifestantes a esses incidentes refletem a dor, a raiva e a frustração que muitos de nós sentimos”.

    “Essas tragédias informam o compromisso da NFL e nossos esforços contínuos. Ainda existe uma necessidade urgente de ação”, acrescentou.

    Alguns críticos acusaram Goodell de usar frases vazias, citando a experiência de Colin Kaepernick, ex-quarterback da NFL famoso por protestar contra o tratamento dos norte-americanos negros – principalmente pela polícia – antes dos jogos. Kaepernick não encontra um time de futebol desde 2017, o que alguns acreditam ser devido a suas opiniões políticas.

    “Você deveria se envergonhar. Isso está além do vazio + dissimulado”, twittou a diretora de cinema Ava DuVernay em resposta a Goodell. “Você não fez nada além do exato oposto do que descreve aqui.”

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