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    Negros e pardos são maioria no mercado de trabalho, mas rendimentos de brancos são 61,4% maiores, aponta IBGE

    Em 2022, rendimento-hora da população ocupada branca era de R$ 20,10, enquanto da população preta ou parda foi de R$ 11,80

    Pretos e pardos eram 54,2% da população ocupada do Brasil em 2022
    Pretos e pardos eram 54,2% da população ocupada do Brasil em 2022 Freepik

    João Nakamurada CNN*

    São Paulo

    Apesar de corresponderem a maioria da população ocupada em 2022, com 54,2% do total, pretos e partos tiveram rendimentos menores em comparação aos trabalhadores brancos, que ocupam a fatia de 44,7% do mercado de trabalho.

    O rendimento-hora da população ocupada branca (R$ 20,10) foi 61,4% maior que a de pretos ou pardos (R$ 11,80), de acordo com dados da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2023, publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (6).

    Ao observar o rendimento médio real, a disparidade é ainda maior. Os brancos (R$ 3.273) ganharam 64,2% a mais que os pretos ou pardos (R$ 1.994) no período avaliado.

    Por nível de instrução, a maior disparidade do rendimento-hora estava no nível superior completo: R$ 35,30 para brancos e R$ 25,70 para pretos ou pardos, diferença de 37,6%.

    Analista socioeconômico do IBGE, Jefferson Mariano explica que o problema está na inserção da população negra no mercado de trabalho.

    “O que ocorre é que em alguns setores de atividade econômica a presença da população negra é muito reduzida”, pontua.

    “E mesmo nos setores nos quais há maior presença de negros, estes acabam ocupando posições operacionais e raramente tem oportunidade de mobilidade”, conclui.

    Quando analisado o recorte da população ocupada por atividade econômica, é perceptível uma diferença racial entre os segmentos de menor rendimento.

    Negros e pardos têm maior proporção em áreas como serviços domésticos (66,4%), construção (65,1%), agropecuária (62%) e transporte, armazenagem e correio (57%).

    Já a proporção de trabalhadores brancos é maior nas categorias de administração pública, educação, saúde e serviços sociais (50,23%) e informação, financeira e outras atividades profissionais (56,6%).

    “Os números da pesquisa destacam que a despeito de pequenas mudanças no curto período persistem as profundas desigualdades sociais. Como ressaltado, é um quadro estrutural de desigualdades”, observa Mariano.

    A proporção de trabalhadores informais também ilustra a diferença no mercado de trabalho entre os grupos. Segundo dados do IBGE, 40,9% da população ocupada esteva na informalidade em 2022. 

    Neste universo, a proporção de mulheres pretas ou pardas (46,8%) e homens pretos ou pardos (46,6%) superava a média nacional, enquanto a de mulheres brancas (34,5%) e homens brancos (33,3%) se mantinha abaixo.

    Veja também: Desemprego, inflação e desigualdade: os impactos econômicos da pandemia

    *Sob supervisão de Gabriel Bosa