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    Veja dicas de como preparar sua PME para uma fusão ou aquisição

    Durante o processo, é preciso avaliar os riscos envolvidos, a sinergia entre diferentes operações e, acima de tudo, a valorização de mercado da empresa à venda

    Estímulo

    Alguns empreendedores sonham desde o dia número um com a venda ou junção de seu pequeno empreendimento a grandes corporações ou investidores interessados.

    A prática, muito comum ao mercado, é descrita pela sigla M&A (Mergers & Acquisitions, ou fusões e aquisições, em tradução livre), e descreve um movimento que é, muitas vezes, estratégico do ponto de vista competitivo.

    O processo envolvendo uma fusão ou aquisição, porém, não é algo trivial. É preciso avaliar os riscos envolvidos, a sinergia entre diferentes operações e, acima de tudo, a valorização de mercado da empresa à venda, de modo que o empreendedor não saia no prejuízo ao assinar um contrato de compra e venda que desvalorize sua empresa.

    A importância de um passo a passo estruturado é ainda maior entre as pequenas e médias empresas e startups, que muitas vezes carecem de documentação e organização fiscal ou de uma assistência profissional durante o processo, dada a natureza de suas operações mais enxutas e sem aparato regulatório ou estruturas a que muitos investidores esperam ter acesso.

    Pensando nisso, Judith Piza Varandas, sócia da Setter, consultoria especializada em M&As, detalhou os principais pontos de atenção para empreendedores e proprietários de micro e pequenas empresas e startups que buscam vender seus negócios, da seleção de documentos e organização fiscal aos detalhes envolvendo os novos sócios e donos.

    O passo a passo para uma fusão e aquisição

    Organize as contas

    Para a especialista, o primeiro passo está na organização financeira do negócio. “É preciso que a empresa tenha suas informações financeiras organizadas, assertivas, completas e de fácil acesso, começando pelo histórico até aqui”, recomenda.

    Além disso, é importante ter dados sobre o momento atual, incluindo, por exemplo, qual é a rentabilidade do negócio, e entender quais são as alavancas de crescimento para o futuro.

    “Esses três pilares são essenciais para um processo de M&A: histórico, momento atual e projeção futura”, diz.

    Entenda o seu objetivo

    No caso de uma fusão ou aquisição, a pressa pode ser a grande inimiga da negociação. De acordo com Judith, é comum que empreendedores acelerem o processo em busca de encurtar caminhos para obter recursos externos para o negócio. 

    Contudo, a falta de clareza em relação aos objetivos e a pressa para a venda prejudica o acordo e, muitas vezes, leva o empreendedor a firmar detalhes que não trazem qualquer vantagem.

    “Entrar em um M&A com urgência, precisando de capital no curtíssimo prazo, não é saudável para o processo e  pode fazer com que detalhes importantes sejam ignorados – prejudicando o resultado da transação”, afirma.

    Sendo assim, a fórmula para um M&A bem-sucedido, ela afirma, começa com o empreendedor tendo clareza sobre seus objetivos, seja ele a venda total da empresa, a captação recursos para crescer, ou fazer uma fusão.

    Além disso, é importante que haja um alinhamento entre os sócios sobre os objetivos da venda, definindo ainda o papel que almejam após a transação – se todos querem sair, ou se algum sócio deseja permanecer — nesse último caso, a definição de papéis após a conclusão do M&A é fundamental.

    Tenha clareza sobre o valor da empresa

    Uma organização financeira eficiente permite uma avaliação fiel da empresa. Por essa razão, o arranjo contábil pré-operação se faz necessário.

    Com uma auditoria rigorosa, é possível avaliar/valorar os ativos da empresa, para que o valor de mercado durante um M&A seja o mais próximo da realidade.

    No caso das PMEs, que sofrem com problemas como a mistura de finanças pessoais e empresariais e ausência de indicadores claros para mensuração de resultados, uma pesquisa de mercado e concorrência também podem auxiliar no processo – e cooperar para que o valor estabelecido seja justo.

    Conheça bem seu comprador

    A especialista recomenda uma análise cuidadosa dos investidores e possíveis compradores da empresa ou, ainda, dos novos sócios envolvidos em uma fusão.

    Avaliar com cautela o histórico dos novos sócios e compradores pode determinar a confiabilidade da transação, além de detalhes como eficiência, trabalho em equipe e reputação.

    “Uma dica importante é conversar com outras empresas que já foram compradas por esse investidor, caso haja esse histórico, para entender se ele cumpre o que promete na fase de negociação”, diz. 

    Dimensione os riscos

    É crucial que empreendedores envolvidos em operações de M&A sejam capazes de olhar não apenas para as oportunidades, mas também para os riscos da transação. Alguns deles incluem a possível desvalorização da empresa durante um M&A, especialmente se o empreendedor deixar de lado a gestão do negócio para focar só na negociação.

    Problemas culturais e de gestão, especialmente em operações de fusão, também são comuns, já que é preciso definir uma nova estruturação envolvendo equipe, atribuições e valores corporativos.

    “Empresas que não conseguem se integrar adequadamente, acabam perdendo valor ou espaço no mercado – seja por um choque de culturas ou pela falta de alinhamento claro em relação aos objetivos dos sócios”, pontua Judith, que também destaca o vazamento de informações sigilosas como um risco potencial.

    Paciência e flexibilidade

    Fusões e aquisições são processos tipicamente demorados e que exigem adaptações constantes. Por isso, é preciso que o empreendedor seja flexível e esteja disposto a negociar com cautela e paciência os termos do acordo.

    “O processo de M&A pode ser longo e desgastante, e envolver momentos de ânimos exaltados de ambas as partes, em função de interesses opostos na mesa de negociação”, afirma.

    Nesse cenário, Judith recomenda sempre a contratação de um assessor financeiro, responsável por conduzir todas as etapas do processo. Desse modo, ela afirma, o empreendedor reduz os riscos de perder importantes detalhes envolvendo a gestão do negócio por estar concentrado na negociação em andamento.

    “Além disso, a assessoria jurídica ajuda o empreendedor a amarrar as pontas do contrato para garantir que não haverá surpresas no futuro”, acrescenta.

    Preze pela transparência

    Um dos principais riscos envolvendo operações de M&A está no vazamento de informações sigilosas, algo que pode prejudicar ou até mesmo impedir a conclusão de uma transação.

    Algumas ações podem prevenir episódios como esse. Entre elas, a criação de termos de confidencialidade estabelecidos desde o início das negociação, assim como estabelecer um único canal para divulgação de informações a todos os envolvidos, de sócios a clientes e colaboradores.

    (Texto de Maria Clara Dias)

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