Recursos de venda na Colômbia podem ir para EUA ou México, diz CEO da Gerdau
Gustavo Werneck cita "absoluta falta de prioridade do governo com relação à indústria"
Gustavo Werneck, CEO da Gerdau, afirmou, nesta quinta-feira (18), que a empresa está estudando se os recursos obtidos com a venda de participação da metalúrgica nos mercados da Colômbia, República Dominicana, Panamá e Costa Rica serão investidos no Brasil ou direcionados aos Estados Unidos ou México, diante da ausência de medidas de incentivo à indústria por parte do governo brasileiro.
“O nosso debate neste momento é onde devemos aplicar esses recursos, se vamos continuar investindo no Brasil, ou se devemos agora priorizar nossos investimentos em países como o México e Estados Unidos, que têm adotado medidas mais efetivas para poder promover o crescimento econômico, a geração de renda e a geração de empregos”, disse Werneck em entrevista exclusiva à CNN, no Fórum Econômico Mundial, em Davos.
A Gerdau informou, em fato relevante nesta quarta-feira (17), que vendeu a totalidade de suas participações nas joint ventures Diaco (49,85%) e Gerdau Metaldom Corp (50%), com atuação nos mercados da Colômbia, República Dominicana, Panamá e Costa Rica.
O preço-base da transação corresponde a US$ 325 milhões (R$ 1,6 bilhão na cotação atual).
O CEO afirmou que a decisão de vender a operação na Colômbia e na República Dominicana faz parte do programa de desinvestimentos da empresa, iniciado nos últimos anos. A Gerdau já esteve presente em 13 países, agora está em sete.
“Nós estamos bastante preocupados neste momento com a falta de aplicação no Brasil de medidas que possam combater essa forte penetração de produtos importados que não seguem as leis da Organização Mundial do Comércio [OMC]”, disse Werneck.
O CEO afirmou que faltam medidas pró-mercado e pró-indústria no país. “O Brasil não pode prescindir da sua indústria, mas o que a gente tem visto nos últimos anos é uma absoluta falta de prioridade do governo em relação à indústria”, afirmou.
Segundo Werneck, não é à toa que a participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) está diminuindo. “Nós não vemos uma política industrial ou de reindustrialização efetiva. Muito pelo contrário, nós vemos cada vez mais o crescimento da carga tributária, cada vez mais a indústria sendo penalizada.”
O CEO da Gerdau disse que a falta de incentivos à indústria é algo preocupante porque é um segmento do PIB que gera muito impostos, emprego e renda.
“Então, o que a gente espera é que o governo crie um ambiente de competitividade, um ambiente mais propício para que empresas como a nossa continuem investindo no Brasil”, afirmou.