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    Lucro da M. Dias Branco cai quase 90% com queda nas vendas de alimentos

    Vendas da fabricante de massas e biscoites caíram 25% no 1º trimestre, enquanto preço do trigo subiu 21%

    Nayara Figueiredo, , da Reuters

    A M. Dias Branco, líder nos mercados de biscoitos e massas do Brasil, registrou lucro líquido de R$ 15 milhões no primeiro trimestre de 2021, forte queda de 89% em relação ao mesmo período do ano passado, quando a chegada da pandemia da Covid-19 gerou uma corrida por produtos no varejo.

    Neste ano, o aumento de custos relacionado à valorização do dólar ante o real e aos preços de alguns de seus principais insumos, como o trigo, pressionou as margens da empresa.

    O cenário levou a M. Dias a aplicar um reajuste nos preços do portfólio de produtos em janeiro, que afetou as vendas consolidadas no trimestre, disse à Reuters o diretor de Relações com Investidores e Novos Negócios, Fábio Cefaly.

    O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) recuou 79,3% no período, para R$ 47,4 milhões. A receita líquida baixou 8,9% no ano a ano, para R$ 1,49 bilhão.

    “O Ebitda foi fortemente afetado pelo aumento de custos e retração dos volumes”, afirmou o executivo. Somente o câmbio gerou um efeito negativo de mais de R$ 100 milhões sobre o resultado operacional do trimestre.

    Do ponto de vista das despesas, dados do balanço financeiro da M. Dias mostram que o preço médio de aquisição de trigo para formação de estoques subiu 21,4% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2020, e encerrou março no pico de 241 dólares por tonelada.

    O diretor financeiro ressaltou que a empresa tem adotado uma política de hedge para limitar o efeito da variação cambial, mas como a estratégia começou em julho do ano passado não foi possível fixar a cotação do dólar abaixo de R$ 5.

    O volume total de vendas registrou baixa de 25,2% no ano a ano, para 356,4 mil toneladas, puxada tanto pelo segmento de massas (-31,7%) quanto de biscoitos (-29,7%).

    “Fizemos um aumento de preços em janeiro, de 10%, isso trouxe uma mudança nos volumes. Em março as vendas melhoraram, em fevereiro os clientes começaram a ter ruptura de produto e voltaram a comprar em março… O trimestre terminou bem melhor do que começou, mas olhando o consolidado foi difícil”, admitiu Cefaly.

    Ele disse que a companhia se manteve na liderança do setor mas perdeu um pouco de market share em biscoitos e ganhou algum espaço na área de massas. Em termos de demanda, o cenário está mas desafiador no Nordeste do que no Sudeste.

    “Tem a questão do auxílio emergencial que recomeçou em 30 de abril e pode ajudar principalmente (no consumo do) Norte e Nordeste”, estimou.

    Ele lembrou que o impacto do isolamento social para conter a disseminação do coronavírus, quando as pessoas passaram a se alimentar mais em casa, foi evidente sobre a demanda no varejo somente ao longo de 2020.

    Agora, Cefaly acredita que os fatores macroeconômicos que devem ser observados, e podem influenciar as vendas da empresa, são as questões de emprego e renda das famílias.

     

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