Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    “Jogo do mercadinho” é mais fácil que a vida real e educa consumidores, dizem especialistas

    Na Steam, Supermarket Simulator conquistou o público, impulsionando criação de versões que aproximam a realidade do brasileiro no simulador

    O Supermarket Simulator é produzido pelo estúdio Nakota Games e está disponível na Steam por R$ 39,99
    O Supermarket Simulator é produzido pelo estúdio Nakota Games e está disponível na Steam por R$ 39,99 Divulgação/Nakota Games

    Marien Ramosda CNN*

    São Paulo

    O Supermarket Simulator, conhecido como o “jogo do mercadinho”, tem acumulado uma legião de fãs desde que chegou na plataforma Steam em fevereiro deste ano e impulsionou a criação de versões “abrasileiradas” para os jogadores se sentirem em casa.

    Mas, se por um lado muitos não sentem dificuldade em equilibrar as contas, atender os clientes e fazer o seu empreendimento crescer, por outro lado, a realidade não é tão fácil assim.

    Essa é a opinião de Roberta Raso, diretora de operações da Carrefour Express e Franquias, em entrevista à CNN.

    Raso explica que os jogadores têm acesso às diferentes frentes que envolvem um mercadinho, incluindo a rotina agitada do varejo.

    “A diferença fica por conta da simplificação e menos complexidade, com processos mais rápidos e menos burocráticos”, afirma.

    Ela ainda lembra que, caso não dê certo, o jogo te permite começar do zero mais uma vez sem grandes impactos — diferente da realidade, onde se acumula dívidas e se perde dinheiro e produtos.

    O Supermarket Simulator é produzido pelo estúdio Nakota Games e está disponível na Steam por R$ 39,99. No início de maio, o jogo era o 7º mais vendidos entre os games pagos, com 94% de mais de 30 mil avaliações “muito positivas”, segundo a plataforma.

    Nele, os jogadores passam por todo o processo de fundar um empreendimento, desde pedir um empréstimo, alugar o local e ir crescendo gradualmente com a venda dos produtos selecionados.

    O Carrefour foi uma das redes se supermercado que surfou na popularidade do simulador e lançou um mod — termo usado para modificar a versão original de algum jogo eletrônico — adicionando ao Supermarket Simulator as marcas que fazem parte do dia a dia do brasileiro e até o cartão da loja.

    Além disso, os jogadores podem até simular o gerenciamento de um Carrefour Express, com a fachada e características da loja, por meio do plugin criado.

    O aprendizado que fica aos jogares é sobre se atentar a todos os trâmites que envolvem um mercadinho e “ainda que dentro do jogo os processos sejam mais simples, os gamers conseguem vivenciar esses fatores que são fundamentais para o sucesso de um negócio de varejo”, diz a executiva da rede de varejo.

    Mesmo assim, a especialista, que ainda mantém sua lojinha na plataforma, encontrou diversas semelhanças com uma loja de verdade como a que ela gerencia, como “solicitar as compras de produtos para abastecimento, negociar preços com os fornecedores e empréstimos com o banco, distribuir os itens da melhor forma pela loja, admitir funcionários e atender os clientes”.

    Plataforma educa consumidores

    A popularidade do jogo no Brasil começou após as lives do streamer Casimiro na Twitch, com a inauguração da sua loja, o “Pezonic”. A partir disso, diversos usuários compartilharam suas experiências no simulador por meio do TikTok e Instagram, criando uma rede de ajuda com dicas e algumas “trapaças”.

    Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), diz em entrevista à CNN, que o supermercado é, de todos os setores do varejo, aquele que mais tem representação.

    “A pandemia mostrou o quanto o varejo é parte importante da dinâmica social do brasileiro, o brasileiro gosta de fazer compras, se identifica com isso e é parte do que a gente chama de socialização”, explica.

    Com isso, Eduardo analisa que a gamificação — aplicação de dinâmica de jogo em outros processos — consegue aproximar o imaginário da realidade, modificando-a.

    O impacto desse processo no varejo ainda não pode ser definido, segundo o diretor da SBVC, mas trata-se de um “processo muito mais educativo do consumidor”.

    Segundo o setor de conteúdo e design do Grupo Carrefour Brasil, o brasileiro tem um instinto empreendedor parecido com a dos donos de outros negócios na vida real e, assim, através do jogo eles podem viver o sonho que um dia pode se materializar.

    “O empresário, o dono, ele tem que assumir, ele está no dia a dia e conhecer todas as atividades para conseguir crescer. No jogo, você percebe que você vai ampliando o seu estabelecimento, você traz mais variedade de produto, você traz mais marcas”, afirmaram.

    *Sob supervisão de Gabriel Bosa