Casas Bahia diminui prejuízo para R$ 261 milhões no 1º trimestre
Empresa aguarda a homologação do plano de recuperação extrajudicial aprovado pela Justiça no mês passado
A Casas Bahia reduziu o prejuízo líquido no primeiro trimestre do ano para R$ 261 milhões, de R$ 297 milhões um ano antes, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (8) pela companhia, que aguarda a homologação do plano de recuperação extrajudicial aprovado pela Justiça no mês passado.
A última linha do balanço — que tem uma recuperação ainda mais relevante se comparado com o último trimestre do ano passado, quando registrou uma perda de R$ 1 bilhão — reflete em parte uma melhora do resultado financeiro, ainda negativo, mas passando de R$ 827 milhões para R$ 486 milhões.
A receita líquida ainda mostrou declínio, de 13,7% ano a ano, para R$ 6,3 bilhões, mas a companhia também registrou redução de 7,5% nas despesas com vendas, gerais e administrativas (SG&A), sendo que as despesas com pessoal caíram 14,6% em relação ao mesmo período de 2023.
De acordo com o presidente-executivo da companhia, Renato Franklin, a queda na receita reflete a estratégia da companhia de sair de categorias de produtos não rentáveis, focando em itens como eletrodomésticos, celular, televisão, imóveis, segmentos que a empresa “faz bem” e “ganha dinheiro”.
Ele citou que houve também uma melhora gradual durante o trimestre e que a performance da companhia está “rodando muito bem em março”, acrescentando que abril acompanhou março. Em maio, a expectativa é de que essa evolução siga, particularmente porque inclui o Dia das Mães, a segunda data mais relevante para o varejo.
“Nosso compromisso, mais do que com a receita, é com a rentabilidade”, reforçou, dando destaque para a queda nas despesas, em particular de pessoal, após o fechamento de 57 lojas — sendo duas unidades no primeiro trimestre do ano — e readequação de cinco centros de distribuição.
“Isso (menos despesa) vai trazer um outro equilíbrio para a rentabilidade, para a última linha (do balanço) da companhia.”
A margem bruta do grupo de varejo ainda caiu 1,5 ponto percentual na base anual, para 30%, mas o desempenho representa uma evolução ante o quarto trimestre do ano passado, situando-se agora em patamares históricos da empresa.
O resultado operacional medido pelo Ebitda ajustado recuou 42,6% ano a ano, para R$ 387 milhões — também uma melhora frente ao resultado do quarto trimestre (R$ 163 milhões). A margem Ebitda ajustada chegou a 6,1%, de 9,2% um ano antes, mas de 2,2% nos últimos três meses de 2023.
“O primeiro trimestre está vindo melhor do que o esperado, mas a nossa expectativa não é um salto de um trimestre para o outro. É uma melhoria gradual”, afirmou o CEO. “Nós prometemos que vamos terminar o ano como empresa sustentável e rentável, mas não se vira um transatlântico em um trimestre.”
Planos
A companhia, que está buscando no plano de recuperação extrajudicial o reperfilamento total das dívidas de 4,1 bilhões, registrou no primeiro trimestre um fluxo negativo de caixa livre de R$ 176 milhões, o melhor resultado para o período nos últimos cinco anos. Um ano antes, houve consumo de R$ 644 milhões.
Analistas avaliaram a operação como um alívio para o caixa da Casas Bahia, bem como uma oportunidade de a empresa focar no seu plano de transformação, divulgado em meados de 2023, com um primeiro foco em geração de caixa no curto prazo e mudanças no modelo de gestão, priorizando margens a GMV.
Desde então, a empresa voltou a atenção para uma redução de custos sustentável e manutenção de operação eficiente (estabilização) e a partir de abril passou a mirar investimentos seletos focados em fortalecer o core e trazer receita (apostas seletivas).
A partir de 2025, o plano de transformação prevê uma revisão estratégica com foco em expansão e melhoria de experiência dos canais físico e online e investimento em capacitações críticas.
“A companhia ainda está se ajustando, o plano (de transformação) está em menos da metade”, disse Franklin, acrescentando que ainda existem muitas alavancas para a administração entregar uma empresa bastante rentável e atrativa no final do ano e iniciar um novo ciclo de crescimento em 2025.
De acordo com Franklin, a rede tem 38 lojas no Rio Grande do Sul e sete estão fechadas em razão das chuvas devastadoras no Estado, o que pode ter um efeito em receita. Mas ele ressaltou que, no momento, o foco da companhia está sendo apoiar seus colaboradores e a população com doação de produtos e dinheiro.