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    Braskem reduz para metade uso da capacidade de produção no Brasil após enchentes no RS

    Empresa teve que paralisar o polo petroquímico de Triunfo (RS) em meio ao cenário de calamidade

    Reuters

    A Braskem reduziu o uso de sua capacidade de produção no Brasil de cerca de 75% para aproximadamente 50% após ser forçada a paralisar o polo petroquímico de Triunfo (RS) em meio às enchentes históricas que deixaram o Estado debaixo d’água nos últimos dias.

    O diretor financeiro da Braskem, Pedro Freitas, afirmou em entrevista a jornalistas que o principal produto da empresa em Triunfo que não pode ter a produção transferida para outras instalações no Brasil é o polipropileno verde, que teve sua capacidade ampliada em 30% no ano passado.

    A maior parte da produção de polietileno verde, produzido a partir de derivados de cana-de-açúcar e cuja demanda global tem crescido nos últimos anos, é exportada. Segundo Freitas, a Braskem costuma ter estoques de seus produtos em outros países, “tipicamente suficientes para dois a três meses”, e por isso neste momento uma eventual falta do produto para atender clientes “não é uma preocupação”.

    Além do polietileno verde, a Braskem produz outros químicos em Triunfo. Neste caso, polietileno e polipropileno que podem ser supridos por outras instalações da companhia no país, bem como químicos como butadieno e benzeno, usados em produtos como borrachas, tintas e plásticos.

    Em Triunfo a Braskem também produz um aditivo para combustíveis, o ETB2, afirmou Freitas, citando que a empresa também fabrica o produto em unidade na Bahia.

    “Não temos perspectiva firme de retomada (da produção em Triunfo). As plantas não foram afetadas diretamente pelas enchentes, mas para produzir precisamos de logística de pessoas e de produtos e acesso a terminal, disse o executivo, acreditando que a paralisação não deve ser de além de três meses.

    “Não vemos cenário de falta de polietileno e polipropileno porque temos capacidade em outras regiões. Mas tem o impacto na demanda… A demanda pelas resinas no Estado foi afetada”, afirmou.

    Fatia da Novonor

    Freitas afirmou durante a entrevista que há ainda um processo de “due diligence” na Braskem relacionado à venda da participação da Novonor na petroquímica, mas se recusou a dar mais detalhes.

    Nesta semana, o grupo dos Emirados Árabes Adnoc anunciou que desistiu de continuar em tratativas com a Novonor sobre a compra da participação da empresa na Braskem. A Adnoc havia feito em novembro uma oferta não vinculante pela fatia que implicava um preço por ação de 37,29 reais, totalizando um valor de 10,5 bilhões de reais.

    Em meados do ano passado, Unipar e J&F também fizeram ofertas pela participação da Novonor na petroquímica, com propostas de cerca de 10 bilhões de reais.

    Segundo Freitas, a Petrobras, que divide o controle da Braskem, segue fazendo “de tempos em tempos” pedidos de informações adicionais por causa dos direitos de preferência que a estatal detém em caso de venda da parcela da sócia.

    As ações da Braskem eram negociadas a 19,27 reais às 13h15 desta quinta-feira, em baixa de 2,2%.

    Spreads

    Questionado sobre a perspectiva de preços de insumos em relação aos preços praticados pela Braskem em seus produtos, Freitas afirmou que a companhia não tem expectativa de recuperação para a média histórica este ano.

    “Este ano continua com spreads bastante deprimidos (…) Há uma perspectiva ligeira de recuperação ao longo do ano, mas ainda em um patamar abaixo da média. Para o ano que vem, vemos uma perspectiva de recuperação um pouco melhor”, disse o executivo, citando a dinâmica de oferta e demanda por produtos petroquímicos no mundo.

    “Ainda vemos capacidade de entrando em polipropileno no mercado, mas no polietileno a demanda está crescendo mais que a oferta”, acrescentou.

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