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    Não conseguiremos salvar todos os setores e empresas, diz Rial, do Santander

    Em live, Sergio Rial diz que há setores que sofrerão mais do que outros e que nem todos que conseguirão ser auxiliados da maneira que gostariam

    Do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Há setores que sofrerão mais do que os outros durante o avanço da pandemia de coronavírus e não serão todos que conseguirão ser auxiliados da maneira como gostariam. Essa, pelo menos, é a opinião de Sergio Rial, presidente do banco Santander Brasil. Para ele, no entanto, há uma busca de sintonia entre o poder público e o sistema financeiro para diminuir o impacto na crise.

    “Nós, brasileiros, não temos condições de salvar todos os setores, há empresas que deixarão de existir. Apesar disso, há um diálogo produtivo entre sistema financeiro e governo para tentarmos procurar soluções para os setores”, afirma.

    A afirmação de Rial foi realizada durante uma live no canal do banco no YouTube nesta quarta-feira (15). A entrevistadora foi Ana Paula Vescovi, diretora de macroeconomia do Santander Brasil e ex-secretária do Tesouro Nacional durante o governo do ex-presidente Michel Temer.

    Apesar do cenário pessimista que vem se desenhando para os próximos meses, Rial acredita que o governo brasileiro tem agido corretamente. Segundo ele, o estado está privilegiando “uma camada desprovida da possibilidade de recuperação”, como autônomos não assalariados e famílias de baixa renda. E, posteriormente, pequenas e médias empresas.

    Mas alguns setores estão sofrendo mais do que outros. Para isso, Rial sugeriu algumas soluções. Para os setores aéreo e varejista (não alimentício), por exemplo, citou a possibilidade das empresas listadas em bolsa emitirem títulos conversíveis em ações. “Você emite dívida com taxa de juros baixa e permite ao detentor converter a papel de ação e se beneficiar a recuperação dos valores no futuro”, diz.

    Os impactos globais

    O presidente do banco entende que não é possível desconectar os impactos econômicos no Brasil com o do resto do mundo. Ele, por exemplo, constatou que mesmo economias mais fortes, como as europeias e a norte-americana, estão sofrendo muito e terão dias difíceis pela frente. Citou o próprio exemplo da Espanha, país que sedia o banco e pode ter queda de 8% no seu PIB, além alcançar 20% da sua população ativa desempregada.

    Por isso, defendeu que os responsáveis pela condução econômica de empresas e países sejam responsáveis com suas finanças, mesmo em um período tão conturbado. “Precisamos ter capacidade fiscal para responder a riscos imprevisíveis como esse. Poupar é importante, permite investimentos mais estruturados e colchão para enfrentar momentos como o de agora”, explica.

    O conselho foi estendido para os clientes do sistema bancário nacional. Mas Rial também reiterou a necessidade de diálogo do sistema financeiro com a população. Por isso, afirmou que “para aquele que quer renegociar, ter prazo maior para pagar a sua dívida, irá encontrar resposta no sistema financeiro.”

    O mundo após a pandemia

    O presidente do Santander também comentou sobre o que espera das mudanças no mundo após o fim da pandemia, Indagado por Vescovi sobre o que este momento pode trazer de positivo, Rial diz esperar que a sociedade como um todo passe a ser menos tolerante com falta de higiene e que, localmente, o Brasil possa investir em saneamento para dar condições mínimas à população para se proteger de um próximo vírus.

    Além disso, acredita que há diversas lições que o home office está deixando para empresas e colaboradores. Uma delas é a reflexão sobre a utilização inteligente dos espaços físicos disponíveis e a tecnologia. Para ele, cada vez mais, os dois ambientes se conectarão, funcionando como disseminação de conhecimento e comunicação nas áreas de saúde e educação.

    Para quem quer aproveitar o momento para investir, Rial afirmou confiar na bolsa de valores como instrumento de valorização de patrimônio no longo prazo e deu dicas de setores que devem render bem. “Com a China voltando a produzir, empresas de proteína animal, agronegócio e de papel e celulose podem ir bem. O momento vai premiar empresas com boas gestões”, diz. 

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