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    Mudanças no Aeroporto Santos Dumont são contestadas por companhias aéreas

    Operações devem ser limitadas apenas para pontes aéreas para São Paulo e Brasília

    Especialistas do setor aéreo receberam notícia de forma negativa
    Especialistas do setor aéreo receberam notícia de forma negativa 03/01/2019REUTERS/Pilar Olivares

    Da CNN

    Companhias aéreas contestaram as mudanças nas operações do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, após anúncio do prefeito Eduardo Paes, nesta quarta-feira (14).

    Fontes do Palácio do Planalto confirmaram à CNN que o governo federal acatou o pedido do prefeito da capital fluminense e concordou em limitar a operação do Aeroporto Santos Dumont para apenas voos de ponte aérea entre Rio de Janeiro/Congonhas e Rio de Janeiro/Brasília.

    Também serão extintas as conexões de voos internacionais a partir do Santos Dumont ou que passem pelo aeroporto.

    O comentarista de economia da CNN, Fernando Nakagawa, conversou com executivos do setor aéreo, que levantaram uma série de dúvidas sobre a decisão, principalmente sobre como essas mudanças seriam possíveis em termos legais.

    Ainda não se sabe, por exemplo, se haverá restrição dos slots (números de pousos e decolagens) oriundos do Santos Dumont ou se a decisão se dará por porte ou tamanho das aeronaves — o que pode prejudicar ou beneficiar algumas companhias aéreas, que têm frotas bem diferentes.

    Além disso, outra possibilidade levantada seria o estabelecimento de um teto de número de passageiros no aeroporto da cidade.

    As companhias aéreas internacionais afirmam que a saída de muitas rotas internacionais do Galeão se deu pela falta de conexão do aeroporto com outras cidades brasileiras, uma vez que ao longo dos últimos anos as empresas reduziram drasticamente as operações no local.

    Segundo especialistas ouvidos por Nakagawa, com o aumento da oferta de voos domésticos no Galeão é possível que este cenário mude, mas isso não necessariamente significaria uma revitalização do aeroporto.

    A CNN procurou as companhias aéreas Latam, Azul e Gol, mas não obteve respostas.

    Já a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) afirmou em nota estar aguardando uma definição pelo Ministério de Portos e Aeroportos sobre o assunto e reiterou defender que qualquer decisão federal ou estadual sobre os aeroportos do Rio de Janeiro mantenha a atual isonomia entre as empresas aéreas, respeitando seus modelos de negócio e de operações.

    Projeto visa revitalizar o Galeão

    O anúncio foi feito após reunião de Paes com o presidente Lula, no Palácio do Planalto. “É uma conquista excepcional”, afirmou o prefeito.

    Segundo Nakagawa, a decisão faz parte de uma luta antiga do governo fluminense de revitalizar o Aeroporto do Galeão, que vem sofrendo queda expressiva na circulação de passageiros nos últimos anos.

    Para se ter uma ideia, em 2014, quando o Aeroporto do Galeão foi concedido à iniciativa privada, o número de passageiros chegava a quase 17 milhões por ano, nível que despencou principalmente após o período da pandemia, quando as companhias aéreas deixaram de operar no local e migraram grande parte das operações para o Santos Dumont.

    Arte: CNN Brasil

    Ainda conforme a apuração de Nakagawa, em 2014, o Galeão era o segundo aeroporto mais movimentado do Brasil. Em 2021, o terminal despencou para a 11ª posição, sendo ultrapassado pelos aeroportos de Brasília, Congonhas, Viracopos, Recife, Confins, Santos Dumont, Salvador, Porto Alegre e Fortaleza.

    Além disso, segundo um levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o esvaziamento do Aeroporto Internacional Tom Jobim representou uma perda de R$ 4,5 bilhões para a economia do Rio de Janeiro.

    A decisão se trata da maior interferência na operação de companhias aéreas desde 2006, quando o Aeroporto de Congonhas sofreu restrições entre a distância de voos percorridos após o acidente da Tam, que deixou 199 mortos.

     

    Publicado por Amanda Sampaio, com informações de Fernando Nakagawa.