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    Mini-SUVs: a onda indiana que pode enterrar de vez o carro popular no Brasil

    Na Índia, modelos de até 4 metros de comprimento pagam menos impostos; eles devem chegar em breve ao nosso mercado

    Thiago Moreno, colaboração para o CNN Brasil Business

    O termo carro popular surgiu ainda no início da década de 1990, quando o governo passou a cobrar menos IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para veículos que não ultrapassassem os 1.000 cm³ de capacidade. A única exceção eram os carros com refrigeração a ar, que poderiam ter motores maiores. Por causa disso, o ressuscitado VW Fusca de 1993 se enquadrava nesse regime tarifário mais brando.

    A tentativa de suavizar a taxação para modelos mais baratos, com o intuito de facilitar o ingresso das camadas menos abastadas da população ao sonho do carro 0 km, porém, não é exclusiva do Brasil. Na Índia, por exemplo, o governo de lá cobra tributos menores para carros com menos de 4 metros de comprimento.

    Até poucos anos, os indianos estavam contentes com pequenos carros urbanos com impostos simplificados. No entanto, assim como aconteceu no mundo todo, o mercado vem demandando mais utilitários esportivos. A solução encontrada pelas montadoras de lá foi pegar as já existentes plataformas de carros pequenos, elevá-las e torná-las mais largas, criando assim todo um novo segmento de SUVs subcompactos.

    Não imune aos movimentos globais do setor automotivo, a indústria brasileira não está investindo tanto nos segmentos de entrada, onde as margens de lucro são menores. Tanto que já não existem mais carros 0 km no mercado por menos de R$ 40 mil. Como a demanda é por SUVs em nosso país, são eles que vêm ocupando os noticiários de lançamentos.

    E é nessa tendência de foco nos utilitários esportivos que a solução indiana dos “mini-SUVs” pode ser um dos caminhos para as montadoras nacionais nos próximos anos. Com plataformas baratas já provenientes de modelos básicos, esse tipo de veículo tem um preço final mais elevado pela proposta aventureira e pode aumentar os lucros das fábricas por carro vendido e, com isso, colocar mais um prego no caixão dos carros populares por aqui, pois seriam mais baratos de construir e poderiam ser vendidos a preços maiores.

    Mais do que uma especulação, esse movimento já pode ser visto no Brasil e separamos alguns modelos deste estilo que têm alguma chance de chegar por aqui.

    Progetto Fiat 363

    A Fiat vai lançar um novo SUV. O nome do modelo ainda não foi definido, mas é tratado como “Progetto Fiat 363”. A novidade usará uma variação da plataforma do atual Argo, hatch compacto da marca, mas com visual exclusivo e carroceria elevada. O Brasil verá a novidade em maio, mas o carro deve ser lançado apenas no segundo semestre. 

    Enquanto um Argo tem preços variando entre R$ 50 mil e R$ 80 mil, o 363 deve partir de R$ 85 mil, apesar de ter o mesmo chassi e as mesmas opções de motor e câmbio. Falando em conjunto mecânico, o 363 deverá contar o mesmo motor 1.3 aspirado do hatch, além dos novos 1.0 e 1.3 turbinados que a Stellantis está desenvolvendo para Fiat e Jeep no Brasil. O modelo também deve estrear um novo câmbio automático CVT da empresa.

    Progetto Fiat 363
    Progetto Fiat 363
    Foto: Divulgação

     

    Nissan Magnite e Renault Kiger

    Diretamente da Índia, a Nissan apresentou o Magnite recentemente. Apesar de parecer um carro novo, o modelo usou por base a arquitetura de ninguém menos que o Renault Kwid em uma variante mais comprida e elevada. As duas empresas trabalham em aliança há décadas e o projeto deu origem também ao Renault Kiger no mercado indiano.

    Nissan Magnite
    Nissan Magnite
    Foto: Divulgação

     

    O Nissan Magnite ainda não foi confirmado pela montadora no Brasil, mas serviria como alternativa para a fábrica da empresa em Resende (RJ), que está com capacidade ociosa desde o fim da produção do hatch March no ano passado. Já para o Renault Kiger, as chances de chegar a ser comercializado por aqui são menores e dependerão do sucesso ou não do modelo da Nissan em nosso mercado para se concretizarem.

    Renault Kiger
    Renault Kiger
    Foto: Divulgação

     

    Na Índia, o Nissan Magnite tem como um dos principais trunfos o seu preço, partindo de 550.000 rúpias, ou cerca de R$ 42,9 mil na conversão direta da moeda. Por lá oferece opções de motores 1.0 de três cilindros com ou sem auxílio de turbo. Para a transmissão, pode-se escolher entre caixas manual, automatizada ou automática CVT

    Hyundai Venue e Kia Sonet

    Apesar de sul-coreanas, Hyundai e Kia vêm vivendo um período de sucesso na Índia exatamente por conta de seus pequenos SUVs. Os mais recentes são o Venue da primeira e o Sonet da segunda. Vale lembrar que as duas marcas pertencem ao mesmo grupo. A dupla tem menos de 4 metros de comprimento, são baseados na mesma arquitetura e se diferenciam pelo visual e pelos equipamentos de série oferecidos. 

    Hyundai Venue
    Hyundai Venue
    Foto: Divulgação

     

    Por lá, Venue e Sonet oferecem motores 1.2 aspirado ou 1.0 turbo, ambos a gasolina, além de um 1.5 turbodiesel. A transmissão pode ser manual com cinco ou seis velocidades dependendo da versão. Câmbios automatizados e automáticos também são disponibilizados tanto para o Hyundai quanto para o Kia, que têm preços partindo de cerca de R$ 40 mil na Índia.

    Kia Sonet
    Kia Sonet
    Foto: Divulgação

     

    A chegada desses modelos no Brasil, no entanto, é incerta. A fábrica da Hyundai no Brasil em Piracicaba (SP) já opera no limite da capacidade com a linha HB20 e o Creta. Ampliar a linha de montagem seria custoso. Para a Kia, a situação é ainda mais complicada, pois a empresa atua apenas como importadora por meio do Grupo Gandini. Importar o Kia Sonet para cá implicaria em uma alta carga tributária que inviabilizaria a comercialização do modelo por aqui. Mesmo assim, o Hyundai Venue já foi flagrado em testes tanto no Brasil quanto na Argentina.

    Chevrolet Groove 

    Além do mercado indiano, outro país que está começando a tomar gosto pelos pequenos SUVs é a China. Por meio de uma parceria com a SAIC e a Wuling, a General Motors apresentou por lá o Chevrolet Groove, baseado em um projeto das marcas chinesas. Ele já é vendido no Oriente Médio, Equador, Peru e Chile e poderia ser uma alternativa mais em conta ao Tracker, o SUV mais barato da marca atualmente oferecido no Brasil. No entanto, a empresa ainda não comentou sobre sua comercialização por aqui.

    Chevrolet Groove
    Chevrolet Groove
    Foto: Divulgação