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    Ibovespa fecha em queda de 1,18%; dólar sobe a R$ 4,92 com risco fiscal

    Moeda norte-americana teve valorização de 0,53%, enquanto o principal índice da B3 encerrou o dia aos 107.093,71 pontos

    João Pedro MalarArtur Nicocelido CNN Brasil Business* em São Paulo

    O Ibovespa caiu 1,18% nesta quinta-feira (9), aos 107.093,71 pontos, prejudicado pelo cenário doméstico, com fluxo de retirada de capital, e pelos temores quanto à demanda chinesa por minério de ferro, cujo preço fechou novamente em queda, derrubando ações de mineradoras e siderúrgicas brasileiras, caso da Vale. Esse foi o menor patamar desde 19 de maio (107.005 pontos).

    Já o dólar fechou em alta de 0,53%, a R$ 4,916, em uma sessão volátil após fortes ganhos na semana. Os principais fatores de pressão sobre a moeda foram um movimento de retirada de investimentos nos últimos dias ligado às preocupações de investidores sobre um novo risco fiscal no Brasil e a repercussão da reunião do Banco Central Europeu (BCE).

    Ao mesmo tempo, o Banco Central fez nesta sessão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de agosto de 2022. A operação do BC ajuda a dar liquidez na moeda, mas especialistas consultados pelo CNN Brasil Business apontam que o órgão poderia atuar mais para conter a volatilidade do câmbio.

    Na quarta-feira (8), o dólar teve alta de 0,34%, a R$ 4,89. Já o Ibovespa fechou em queda de 1,55%, aos 108.367,67, com a maior queda percentual desde 18 de maio.

    Minério de ferro

    Os contratos futuros de minério de ferro caíram nas bolsas de Dalian e Cingapura nesta quinta-feira, com traders ainda preocupados com lucros fracos das siderúrgicas chinesas, e novos alertas de Covid-19 em Xangai e Pequim aumentando as preocupações.

    O contrato de referência de minério de ferro de setembro na bolsa de commodities da China encerrou as negociações diurnas com queda de 0,3%, a 924,50 iuanes (US$ 138,33) a tonelada, estendendo as perdas para um terceiro dia.

    Na Bolsa de Cingapura, o contrato de julho mais ativo do ingrediente siderúrgico caiu 0,8%, para 143,65 dólares a tonelada.

    O minério de ferro em Dalian subiu 19% em relação à baixa deste ano, de 779,50 iuanes por tonelada, atingida em 10 de maio, enquanto o preço spot do material de referência com teor de 62% na China saltou para 148,00 a tonelada na quinta-feira, com base nos dados da consultoria SteelHome.

    “A demanda de minério de ferro no curto prazo aumentou mais do que o esperado, mas os lucros das siderúrgicas estão fracos”, disseram analistas da Sinosteel Futures em nota, citando que os preços elevados do minério de ferro apertaram as margens do aço.

    BCE

    O mercado, ao longo do dia, também ficou atento a política do BCE, que concluiu sua reunião de política monetária e, como esperado pelo mercado, decidiu sinalizar duas altas de juros em julho e setembro. Para o próximo mês, a autarquia já indicou elevação de 0,25 ponto percentual, enquanto tenta combater uma inflação recorde, acima de 8%.

    A decisão é um elemento adicional para as preocupações sobre uma desaceleração econômica global com altas de juros em diversos países, prejudicial para mercados como o brasileiro.

    IPCA

    Outro ponto de atenção neste pregão foi o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio. O índice veio abaixo do esperado e reforçou uma desaceleração da inflação após o pico de abril, assim como a expectativa de que o Banco Central encerrará o ciclo de alta de juros na reunião de junho.

    Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa, afirma que “o índice de hoje é um foco de alívio na pressão recente para uma postura mais austera do Banco Central, mas tais perspectivas para a Selic também seguem muito suscetíveis aos projetos em tramitação no Congresso”.

    Combustíveis

    As Propostas de Emenda Constitucional (PEC) feitas pelo governo federal que buscam reduzir o preço dos combustíveis, continuam levando os investidores a uma maior aversão ao risco, impactando no mercado.

    A proposta do governo é isentar impostos federais do diesel e do gás, e criar um fundo para compensar financeiramente estados que isentem a cobrança de ICMS na gasolina. A equipe econômica estima um impacto de cerca de R$ 40 bilhões nas contas públicas, e o mercado teme que o teto de gastos possa ser desrespeitado.

    Sentimento global

    Os investidores ainda mantém uma forte aversão global a riscos desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, o que prejudicaria diversos tipos de investimentos.

    A principal causa para essa aversão é o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, com a elevação mais recente anunciada pelo Federal Reserve em 4 de maio. A autarquia já chegou a descartar altas de 0,75 ponto percentual nos juros, ou um risco de levar a economia do país a uma recessão, mas sinalizou ao menos mais duas altas de 0,5 p.p.

    Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados de títulos e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.

    Ao mesmo tempo, o mercado acompanha os dados sobre a economia do país para entender o quão agressivo o Fed poderá ser no processo. A confirmação da contração da economia dos Estados Unidos no primeiro trimestre, por exemplo, reforçou a visão de que a autarquia não deverá ser tão agressivo na alta de juros quanto o previsto.

    Por outro lado, com o fim do lockdown na cidade chinesa de Xangai e alívio nas restrições na capital Pequim, a expectativa é que a demanda chinesa retorne aos níveis anteriores, o que voltou a favorecer exportadores de commodities e aliviou uma parte das pressões sobre o real.

    Sobe e desce da B3

    Veja os principais destaques do pregão desta quinta-feira:

    Maiores altas

    • Hapvida (HAPV3) +2,98%;
    • Sul América (SULA11) +2,69%;
    • CCR (CCRO3) +2,24%;
    • Eletrobras (ELET3) +2,14%;
    • Eletrobras (ELET6) +2,09%

    Maiores baixas

    • CSN (CSNA3) -6,65%;
    • Magazine Luiza (MGLU3) -6,52%;
    • Azul (AZUL4) -5,34%;
    • Locaweb (LWSA3) -5,14%;
    • Usiminas (USIM5) -4,80%

    *Com informações da Reuters