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    Ibovespa fecha em alta de 1,39%, com balanços financeiros e Ucrânia; dólar sobe

    Principal índice da bolsa encerrou o dia aos 113.141,94 pontos, enquanto a moeda terminou cotada a R$ 5,156, com valorização de 1,01%

    João Pedro MalarArtur Nicocelido CNN Brasil Business*Reuters

    em São Paulo

    O Ibovespa subiu 1,39%, aos 113.141,94 pontos, esta sexta-feira (24), favorecido pela alta das ações da Vale (VALE3) após a divulgação do seu balanço trimestral e de outras ações ligadas a commodities, assim como pela possibilidade de negociações entre Rússia e Ucrânia. Na ponta negativa, o mercado repercute balanços de empresas como Americanas, CCR e IRB.

    Já o dólar encerrou em alta de 1,01%, cotado a R$ 5,156, com o real descolando de outras moedas e se desvalorizando, enquanto os mercados internacionais tentam se recuperar das perdas sofridas na véspera, após a invasão da Rússia à Ucrânia. Com isso, em meio à aversão a riscos, investidores buscaram proteção com a moeda norte-americana.

    As rolagens de contratos futuros e outros derivativos, típicas de fim de mês e na virada da Ptax (taxa de câmbio calculada pelo Banco Central), também adicionaram pressão às cotações, enquanto operadores citaram o longo feriado prolongado no Brasil como argumento para realizar lucros depois de forte valorização cambial nas últimas semanas. Os negócios domésticos serão retomados apenas na quarta-feira (2) pós-Carnaval.

    Se considerado o movimento semanal, a moeda teve a primeira alta em 2022. No acumulado de segunda-feira (21) até hoje, o dólar subiu 0,28%. No mês, recuou 2,82% – a maior queda percentual em um mês desde 2010.

    O economista-chefe da Órama Alexandre Espirito Santo afirmou à CNN que a moeda norte-americana poderia continuar subindo devido a um movimento de realização de lucros antes do Carnaval, quando a bolsa ficará fechada por quase três dias, com investidores evitando possíveis perdas no cenário incerto.

    Na quinta-feira (24), o dólar subiu 2,03%, cotado a R$ 5,104, interrompendo quatro sessões seguidas de queda. Já o Ibovespa teve queda de 0,37%, aos 111.591,87 pontos.

    Sobe e desce da B3

    Maiores altas

    • CSN (CSNA3) +6,00%;
    • Vale (VALE3) +5,41%;
    • 3R Petroleum (RRRP3) +4,86%;
    • PetroRio (PRIO3) +3,90%;
    • Bradespar (BRAP4) +3,86%

    Maiores baixas

    • Locaweb (LWSA3) -6,90%;
    • Qualicorp (QUAL3) -6,79%;
    • CCR (CCRO3) -5,24%;
    • Cogna (COGN3) -4,64%;
    • Cielo (CIEL3) -4,15%

    Ucrânia

    A Rússia lançou uma invasão total da Ucrânia na quinta-feira (24), iniciando uma guerra na região. Nesta sexta-feira, as tropas russas já se aproximam da capital ucraniana, Kiev, com expectativas de novos embates na cidade.

    Entretanto, o Kremlin disse nesta sexta-feira que o presidente Vladimir Putin teria aceitado negociar com a contraparte ucraniana, Volodymyr Zelensky, após o político falar de uma possível neutralidade do país em relação à Otan.

    A ação gerou reações de líderes mundiais e, segundo Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, as maiores sanções econômicas já impostas na história contra o país liderado por Vladimir Putin.

    As sanções prometidas pelos EUA e aliados ainda estão em desenvolvimento, mas algumas já foram anunciadas ao longo da quinta-feira:

    • Limitar a capacidade da Rússia de fazer negócios em dólares, euros, libras e ienes para fazer parte da economia global;
    • Limitar capacidade de financiar e aumentar as forças armadas russas;
    • Prejudicar sua capacidade de competir na economia de alta tecnologia do século 21;
    • Sanções contra bancos russos que juntos detêm cerca de US$ 1 trilhão em ativos.

    A União Europeia também aplicará sanções econômicas diretas contra o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e seu ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov.

    A informação foi confirmada por uma autoridade do bloco, que falou sob a condição de anonimato. A intenção é congelar os bens mantidos na Europa por Putin e Lavrov.

    O anúncio de sanções à Rússia quase que exclusivamente financeiras, junto com a sinalização de Joe Biden de que ainda não era o momento de impor interrupção do mercado de petróleo e gás, foi capaz de reduzir as perdas de quinta-feira.

    A invasão, e as chances de novas escaladas no cenário geopolítico, aumentam a aversão a riscos dos investidores e a busca pelo dólar. Nesta sexta, com o mercado se recuperando, o índice DXY, que compara a moeda frente a outras, registra recuo.

    Também refletindo uma aparente redução de aversão a riscos no mercado, os ativos chamados de “proteção”, por serem menos voláteis, caso do franco suíço, do ouro e da prata recuam, devolvendo ganhos.

    O VIX, chamado de “índice do medo” por tentar medir o grau de volatilidade do mercado, tem queda de quase 8%, rondando os 27 pontos, após chegar ao maior nível desde setembro de 2020.

    Outra consequência da invasão é a alta nos preços de commodities, principalmente as ligadas à Rússia e à Ucrânia, caso do milho, trigo e do petróleo. O tipo Brent, referência da Petrobras para a política de preços, recua quase 1%, após ultrapassar a casa dos US$ 100 o barril pela primeira vez desde 2014.

    Bolsas no exterior

    As bolsas da Ásia, onde as negociações já se encerram, se recuperaram nesta sexta-feira, seguindo o movimento dos índices norte-americanos na véspera. O índice Nikkei, principal da bolsa do Japão, subiu 1,95% a 26.476,50 pontos.

    O sul-coreano Kospi avançou 1,06% em Seul, a 2.676,76 pontos, e o Taiex apresentou ganho de 0,33% em Taiwan, a 17.652,18 pontos.

    Na China continental, o Xangai Composto teve alta de 0,63%, a 3.451,41 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto se valorizou 1,21%, a 2.310,07 pontos. Exceção, o Hang Seng caiu 0,59% em Hong Kong, a 22.767,18 pontos.

    Na Oceania, a bolsa australiana teve leve alta, após sofrer sua maior queda em um único dia desde setembro de 2020, de quase 3%. O S&P/ASX 200 avançou 0,10% em Sydney, a 6.997,80 pontos.

    As bolsas também se recuperam na Europa, com o índice STOXX 600, que reúne as principais ações de 17 países europeus, subindo mais de 3%, após atingir seu menor nível desde maio de 2021.

    Nos Estados Unidos, os três principais índices das bolsas – Nasdaq, S&P 500 e Dow Jones – avançam, com possibilidade de negociações envolvendo a Ucrânia aliviando a aversão ao risco.

    Commodities

    A situação na Ucrânia ainda não havia superado os benefícios para o real de um ciclo de migração de investimentos para mercados ligados a commodities e vistos como baratos, com o Brasil beneficiado também pelos juros altos, que limita os efeitos das apostas em uma política de alta de juros agressiva pelo Federal Reserve. Entretanto, isso pode mudar.

    O ciclo estava ligado, em partes, a expectativas de mais medidas pró-crescimento na China que estão aumentando as esperanças de uma recuperação na demanda por metais, o que leva a altas nos preços. Por outro lado, intervenções do governo chinês no mercado têm gerado pressões de queda, em um sobe e desce na cotação.

    No caso do petróleo, analistas já projetam que a commodity deve ultrapassar os US$ 100 ao longo do ano, o que já ocorreu pontualmente com a crise na Ucrânia. O principal fator para a alta é o descompasso entre oferta e demanda da commodity, com os principais produtores, reunidos na Opep, ainda não retomando os níveis de produção pré-pandemia, algo intensificado com as tensões na Europa.

    Outro fator que pesava nesse movimento é a expectativa de alta de juros nos Estados Unidos já no mês de março, de 0,25 ou 0,5 ponto percentual, reforçada por dados de inflação levemente acima do esperado. Com isso, investidores estrangeiros têm saído do mercado de ações norte-americano.

    *Com informações de Thais Herédia e da Reuters